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Maduro fica isolado após países da América Latina apoiarem oposição

Bolívia e Cuba, aliados de esquerda de longa data da Venezuela, foram os únicos países da região a expressar explicitamente apoio a Maduro

Maduro: maior parte dos países da América Latina reconheceu o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó como presidente interino (Palácio Miraflores/Divulgação/Reuters)

Maduro: maior parte dos países da América Latina reconheceu o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó como presidente interino (Palácio Miraflores/Divulgação/Reuters)

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Reuters

Publicado em 24 de janeiro de 2019 às 09h58.

Última atualização em 24 de janeiro de 2019 às 12h56.

Lima - A maior parte dos países da América Latina reconheceu o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, deixando Nicolás Maduro ainda mais isolado enquanto enfrenta instabilidade em casa e ameaças dos Estados Unidos.

Bolívia e Cuba, aliados de esquerda de longa data da Venezuela, foram os únicos países da região a expressar explicitamente apoio a Maduro, enquanto Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai e Peru apoiaram Guaidó.

Os Estados Unidos e o Canadá também reconheceram Guaidó - o líder de 35 anos da Assembleia Nacional, controlada pela oposição - como o governante legítimo da Venezuela.

Entretanto, o México - antes um integrante vocal do Grupo de Lima, criado para pressionar Maduro a promover reformas democráticas - assumiu um tom dissonante sob o governo do presidente de esquerda Andrés Manuel López Obrador, dizendo que não tomará partido e descrevendo o apoio a Guaidó como uma violação da soberania venezuelana.

Guaidó se declarou presidente temporário da Venezuela na quarta-feira durante manifestação que atraiu centenas de milhares de venezuelanos. Ele acusou Maduro de usurpar o poder e prometeu criar um governo de transição.

As críticas a Maduro têm crescido nos últimos anos à medida que seu governo marginalizou a Assembleia Nacional, conduziu eleições amplamente questionadas e passou por uma crise econômica que tem forçado milhões de venezuelanos a fugir do país, principalmente para outras nações da América do Sul.

Ao mesmo tempo, governos de direita têm chegado ao poder em lugares onde Maduro antes tinha aliados.

O governo brasileiro afirmou, em nota do Ministério das Relações Exteriores, que está comprometido em apoiar o "processo de transição" no país vizinho, e o presidente Jair Bolsonaro comentou a situação do país vizinho durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.

"A história tem nos mostrado que ditaduras não passam o poder para a oposição de forma pacífica, e nós tememos as ações da ditadura Maduro", disse Bolsonaro em entrevista à TV Record.

"Obviamente tem países fortes dispostos a outras consequência... como anunciado pelo governo Trump. Obviamente o Brasil acompanha com muita atenção e estamos no limite daquilo que podemos fazer para restabelecer a democracia naquele país".

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, escreveu em publicação no Twitter na quarta-feira: “A Argentina irá apoiar todos os esforços de reconstrução da democracia venezuelana e o restabelecimento de condições de vida dignas para todos os seus cidadãos”,

Macri assumiu o cargo em 2015, substituindo a ex-aliada de Maduro Cristina Kirchner.

Maduro pediu que as Forças Armadas permaneçam unidas e rompeu relações diplomáticas com Washington, que acusou de tentar orquestrar um golpe de Estado com a ajuda de seus aliados na região.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou que “todas as opções estão sobre a mesa” e seu governo sugeriu a possibilidade de impor novas sanções contra o vital setor de petróleo da Venezuela.

O México disse que ainda reconhecerá Maduro como o presidente legítimo da Venezuela e pediu diálogo.

“O México não faz parte dessa tentativa de tomar partido e promover um tipo de intervenção interna”, disse o porta-voz presidencial Jesús Ramírez, em entrevista.

Sob o governo de López Obrador, o México voltou à sua tradicional política externa de não-intervenção.

“Nós mantemos nossa posição de neutralidade e não-intervenção no conflito na Venezuela”, disse Ramírez.

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