Mundo

Maduro e governo dos EUA enviam sinais de possível trégua

Nas últimas três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aceitou ajuda alimentar internacional rejeitada por muito tempo, além de movimentos politicos inéditos

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Manaure Quintero/Reuters)

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Manaure Quintero/Reuters)

B

Bloomberg

Publicado em 11 de maio de 2021 às 19h27.

Por Patricia Laya, Alex Vasquez e Jennifer Jacobs, da Bloomberg

Depois de anos de crescentes hostilidades, a relação entre Estados Unidos e Venezuela está sob revisão silenciosa, com medidas conciliatórias por parte do governo de Caracas, autoridades dos EUA atuando como intermediárias e reavaliação da política de sanções pelo governo Biden.

Nas últimas três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aceitou ajuda alimentar internacional rejeitada por muito tempo, permitiu que seis executivos da Citgo fossem transferidos para prisão domiciliar e incluiu dois integrantes da oposição ao conselho eleitoral de cinco membros do país.

Nenhuma das medidas foi adotada em coordenação com o governo de Washington e muitas coisas teriam que acontecer antes que os dois lados pudessem iniciar negociações. Mas autoridades americanas com bom acesso ao governo têm falado com Maduro e seu círculo íntimo. Entre elas o presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Gregory Meeks, o ex-governador do Novo México Bill Richardson, e o diretor do Programa Mundial de Alimentos, David Beasley.

A postura do governo Biden continua sendo a perseguida por Donald Trump: rejeição de Maduro e apoio a Juan Guaidó, o líder da oposição, como legítimo presidente do país.

No entanto, uma autoridade do governo Biden disse que os EUA estão revisando sua política para a Venezuela, examinando as sanções para se certificar de que estão alinhadas com seus objetivos e aguardando medidas concretas de Maduro.

A autoridade disse que o regime de Maduro deveria conversar com a oposição para estabelecer eleições livres e justas. Sobre os contatos com americanos, a fonte acrescentou que estão sendo acompanhados muito de perto.

Juan Guaidó (Manaure Quintero/Reuters)

“Estes são passos importantes”, disse Cynthia Arnson, chefe do Programa para a América Latina no Wilson Center, em Washington. “Está claro que estão buscando alívio das sanções e que o governo Biden está desconfortável com a severidade da política de sanções. Mas existe uma profunda desconfiança no conceito de negociações, e as pessoas não estão dispostas a se queimar novamente na ausência de evidências reais de concessões no terreno político.”

Meeks, um democrata de Nova York, pediu ao governo que reconheça os passos de Maduro.

“O governo Biden deve enviar sinais claros a Caracas que reconheçam esses gestos positivos e incentivem mais avanços em direção à democracia”, disse em comunicado na semana passada. “Estou comprometido em explorar soluções multilaterais.”

O escritório de Richardson disse que o ex-governador do Novo México tem mantido “contato regular” com a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, e com o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, sobre os executivos da Citgo presos, bem como dois ex-Boinas Verdes americanos atualmente detidos em Caracas.

A presidência da Venezuela não respondeu a um pedido de comentário.

Embora o governo Biden ainda apoie Guaidó, seu fracasso em destituir Maduro, mais de dois anos depois de ser declarado presidente interino, estimulou a comunicação entre os EUA e o regime no poder.

  • Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME.
Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Governo BidenJoe BidenJuan GuaidóNicolás MaduroVenezuela

Mais de Mundo

Qual visto é necessário para trabalhar nos EUA? Saiba como emitir

Talibã proíbe livros 'não islâmicos' em bibliotecas e livrarias do Afeganistão

China e Brasil fortalecem parceria estratégica e destacam compromisso com futuro compartilhado

Matt Gaetz desiste de indicação para ser secretário de Justiça de Donald Trump