Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Carlos Barria/Reuters)
EFE
Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 14h55.
Última atualização em 8 de fevereiro de 2019 às 15h25.
Caracas — O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira estar disposto a se reunir com enviados do grupo de contato internacional impulsionado por alguns países latino-americanos e União Europeia (UE) que procura criar as condições para convocar novas eleições "justas" e "livres" no país.
"Estou pronto e disposto a receber qualquer enviado do grupo de contato", assegurou Maduro em entrevista coletiva no palácio presidencial de Miraflores.
A alta representante da UE para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, abriu nesta quinta-feira a primeira reunião do grupo em Montevidéu.
Na ocasião, advertiu que a situação na Venezuela põe em "risco" a estabilidade não só da América Latina, mas de todo o mundo, e pediu a busca de uma solução para a crise.
"A tarefa que nos ocupa é urgente e esta urgência provém da piora da situação que corre risco de desestabilizar a região e não somente a região", ressaltou.
Por sua parte, Maduro rejeitou "a parcialização e a ideologização" que considera haver no grupo de contato", apesar de ter se mostrado disposto a receber os enviados do grupo e ter com eles "contato visual, contato físico ou contato mental".
"Boas vindas ao grupo de contato da UE, mas lhes digo, obviamente, que estou totalmente em desacordo com a parcialização e ideologização em que caíram, produto do extremismo com que veem à Venezuela", ressaltou o governante.
Maduro também se referiu ao denominado Mecanismo de Montevidéu, idealizado por Uruguai, México e a Comunidade do Caribe (Caricom) como iniciativa para conseguir a paz na Venezuela e que consta de quatro períodos centrados em diálogo imediato, negociação, compromissos e implementação.
Em relação a esse mecanismo, disse estar "preparado para dialogar onde seja, quando seja e com quem seja".
Precisamente nesta sexta-feira a Organização de Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio (Veppex), de Miami, nos Estados Unidos, criticou o mecanismo, que qualificam como um "desrespeito ao povo venezuelano".
Para o Veppex, "propor um diálogo e mediação com quem usurpa o poder na Venezuela é simplesmente colocar-se do lado de quem viola a Constituição".
O Mecanismo de Montevidéu tem composições e objetivos diferentes aos do Grupo Internacional de Contato, integrado por uma dúzia de nações europeias e latino-americanas.
A crise política na Venezuela se aguçou no último dia 23 de janeiro quando o líder do parlamento, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente em exercício da Venezuela por considerar que Maduro foi reeleito em votações "fraudulentas".