Nicolás Maduro: ele é acusado de dar a sensação de vazio de poder (/Miraflores Palace/ Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2014 às 06h47.
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desqualificou nesta quarta-feira as novas críticas feitas por ex-ministros chavistas e, depois de situá-los com parte de uma "esquerda ultrapassada", se queixou dos ataques contra sua gestão em tempos de combate, quando "o inimigo" quer destrui-lo.
Maduro reagiu assim à carta divulgada ontem pelo ex-ministro de Educação e Eletricidade, Héctor Navarro, que defendeu o ex-ministro e ex-vice-presidente de Planejamento, Jorge Giordani, que na semana passada emitiu um comunicado criticando duramente a administração da economia no atual governo.
"Alguns destes ultrapassados da esquerda não têm consideração, nos atacam no momento em que o inimigo quer cortar nossas cabeças e nos destruir. A história os julgará e eles enfraquecerão, assim como todos os outros que atacaram nossa pátria", disse nesta quarta-feira o presidente venezuelano.
Giordani, que foi substituído no cargo no último dia 17, acusou Maduro de não transmitir liderança, de dar a sensação de vazio de poder e de tomar decisões equivocadas em matéria econômica, incluindo o desperdício nas campanhas eleitorais.
Navarro, por sua vez, exigiu em sua carta que sejam investigadas as irregularidades na entrega de divisas administradas pelo governo, uma fraude reconhecida pelo próprio Executivo e denunciada por Giordani há mais de um ano. Além disso, pediu que Maduro se comporte "como um estadista" diante das críticas ao seu governo.
O texto causou a suspensão de Navarro como membro da direção nacional da formação política que governa o país, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), uma medida que foi anunciada hoje.
Outra ex-ministra chavista, Ana Elisa Osorio, não só divulgou o texto de Navarro, mas também disse no Twitter: "Exortamos à Assembleia Nacional que tire a poeira de cima da lei contra a corrupção e puna os corruptos: esses são os grandes traidores da Revolução".
Maduro declarou que a Venezuela vive "um período de definições" e pediu aos chavistas "que façam suas escolhas, que definam se estão com o governo revolucionário de Nicolás Maduro" ou "com outros projetos personalistas".
Maduro insistiu que seu plano de governo é o mesmo de Hugo Chávez (1999-2013), por isso, afirmou, não são legítimas as críticas a sua administração de dentro do chavismo.
No entanto, o chefe de Estado garantiu que acredita nas "críticas e na sabedoria do povo".
Na oposição, as críticas de nomes do chavismo à gestão de Maduro estão sendo encaradas como um "racha", um sintoma da "decomposição interna" do PSUV e que evidência a desonestidade do governo.