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Maduro classifica partido de líder da oposição na Venezuela como 'terrorista'

Em nota, a sigla declarou que acusações eram 'infundadas' e disse que ação era 'nova investida' do regime para 'justificar mais perseguições e detenções' contra opositores

Venezuela: Sete membros da equipe da campanha de María Corina foram detidos nos últimos dias, e há ordens de prisão contra outros sete (ZURIMAR CAMPOS/AFP)

Venezuela: Sete membros da equipe da campanha de María Corina foram detidos nos últimos dias, e há ordens de prisão contra outros sete (ZURIMAR CAMPOS/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 27 de março de 2024 às 10h39.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classificou nesta terça-feira o partido Vem Venezuela, da líder da oposição, María Corina Machado, como “terrorista”. Favorita nas pesquisas para as eleições do próximo dia 28 de julho – nas quais Maduro busca reeleição –, María Corina foi impedida de concorrer.

A professora universitária Corina Yoris, que iria substituir a candidatura da líder, também teve sua inscrição vetada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

"Estão me perseguindo para tentar atentar contra minha vida, como foi demonstrado ontem com a captura dos indivíduos do movimento terrorista chamado Vem Venezuela", disse Maduro numa transmissão na televisão estatal. "Será Vem Terrorista", continuou ele.

Tentativa de assassinato?

Na segunda-feira, o presidente venezuelano disse que dois homens armados que planejavam assassiná-lo foram detidos durante o evento de inscrição de sua candidatura em Caracas. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou que os suspeitos eram supostos apoiadores do partido de María Corina e que eles serão acusados de tentativa de homicídio contra Nicolás Maduro.

O partido da oposição negou as acusações e declarou que elas eram “infundadas”. A sigla afirmou que a ação era “claramente uma nova investida empreendida pelo regime para justificar mais perseguições e detenções contra aqueles que assumiram o direito de exigir as mudanças democráticas que a maioria dos cidadãos pede para o país”.

Prisões na Venezuela

Sete membros da equipe da campanha de María Corina foram detidos nos últimos dias, e há ordens de prisão contra outros sete. Na terça-feira, o governo da Argentina denunciou um corte no fornecimento de energia à embaixada do país em Caracas, revelando que no local estão abrigados ao menos cinco opositores do governo de Maduro que tiveram ordens de prisão emitidas contra si. O incidente é mais um episódio da tensão crescente entre a Venezuela e o governo de Javier Milei.

Em comunicado emitido nesta terça, o governo de Milei afirma que o corte ocorreu na segunda-feira, sem qualquer aviso prévio ou explicação, e “alerta o governo da Venezuela contra qualquer ação deliberada que ponha em perigo a segurança do pessoal diplomático argentino e dos cidadãos venezuelanos sob proteção”. A nota não descreve se o fornecimento foi retomado, e o governo venezuelano não se pronunciou.

Segundo a imprensa argentina, citando fontes da Chancelaria e da Casa Rosada, os dirigentes oposicionistas Magallí Meda, Claudia Macero, Humberto Villalobos, Pedro Urruchurtu e Omar González estão na representação diplomática do país. Todos têm contra si ordens de prisão por “ações violentas”, “terrorismo” e “desestabilização” do país.

Em janeiro, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) confirmou a inabilitação de María Corina para disputar eleições por 15 anos, uma decisão que a candidata mais votada nas primárias da oposição em 2023, com 92% dos votos, já esperava. A medida, no entanto, viola o chamado Acordo de Barbados, selado no ano passado por representantes do governo Maduro, da oposição e a Casa Branca, sob a observação de outros países, entre eles o Brasil.

*Matéria produzida pela AFP e disponibilizada pela Agência O Globo.

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