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Janeiro será um mês histórico na Venezuela

É esperado que Maduro divulgue detalhes da criptomoeda Petro e o salário mínimo aumentou 40%, mas, na vida real, o motivo histórico será outro

Venezuela: Hiperinflação mensal, superior aos 50%, destruirá ainda mais o poder de compra da população

Venezuela: Hiperinflação mensal, superior aos 50%, destruirá ainda mais o poder de compra da população

EH

EXAME Hoje

Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 06h38.

Última atualização em 4 de janeiro de 2018 às 07h21.

Este mês de janeiro será histórico na Venezuela. É esperado que o presidente Nicolás Maduro divulgue detalhes da criptomoeda Petro — uma espécie de Bitcoin suportada pelos barris de petróleo do país —, uma série de reuniões populares devem criar um plano de longo prazo para o país, o salário mínimo aumentou 40% e a Assembleia Nacional voltará aos trabalhos após o recesso do final de ano.

Claro, tudo isso no plano oficial. Na vida real das ruas de Caracas, o motivo histórico será outro. O país não pagou uma parcela de sua dívida externa, ficará sem medicamentos contra HIV e a hiperinflação mensal, superior aos 50%, destruirá ainda mais o poder de compra da população.

Na manhã de quarta-feira, as autoridades venezuelanas prenderam um soldado acusado de matar uma grávida de 18 anos que estava numa fila de distribuição de pernil pelo governo no último dia de 2017. Segundo os relatos, os guardas estavam bêbados e anunciaram que a carne de porco havia acabado.

A mulher se recusou a sair da fila e foi atingida. Casos de violência, falta de carne e confrontos se repetiram pelo país, ficando conhecida como “a revolução do pernil”. Em vez de investigar apropriadamente os desvios, Maduro acusou o governo de Portugal, país de origem da carne, de enviar um carregamento menor do que o comprado. Só esqueceu de dizer que a fatura de 40 milhões de euros, de 2016, com os produtores segue em aberto.

Culpar os agentes externos pelos problemas do país tem sido a prática recorrente do regime de Maduro. Mas é difícil argumentar como um país dono da maior reserva de petróleo do mundo deu um calote de 35 milhões de dólares na parcela da dívida deste mês. Por conta disso, a agência de classificação de risco S&P rebaixou ontem a nota do país. O que antes era SD, um calote seletivo, agora é considerado como D — em outras palavras, calote mesmo.

Nesse cenário, começa a ecoar a tese defendida por Ricardo Hausmann, professor de Harvard, ex-ministro da Venezuela e colunista de EXAME Hoje: a Assembleia Nacional deveria depor Maduro e solicitar ajuda militar internacional. “Quantas vidas mais precisarão ser despedaçadas até que chegue a salvação?”.

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