Emmanuel Macron: presidente francês havia montado um governo com ministros da esquerda, direita e centro, reformulando o cenário político ao ampliar sua base de apoio (Philippe Wojazer/Reuters)
Reuters
Publicado em 21 de junho de 2017 às 10h29.
Paris - Aliados do presidente da França, Emmanuel Macron, pertencentes ao partido Movimento Democrático (MoDem) saíram do governo, complicando uma reforma ministerial que era considerada de rotina dias depois de o partido governista vencer as eleições parlamentares com folga.
Como o MoDem se tornou alvo de uma investigação judicial sobre alegações de uso irregular de fundos parlamentares da União Europeia, seu líder, François Bayrou --um aliado relevante desde que apoiou a candidatura presidencial de Macron em fevereiro-- renunciou como ministro da Justiça nesta quarta-feira.
Os dois outros ministros do partido de centro-direita também entregaram os cargos desde terça-feira.
Macron, eleito como político de centro e independente em 7 de maio, havia montado um governo com ministros da esquerda, direita e centro, reformulando o cenário político francês ao ampliar sua base de apoio.
Mas a sequência de renúncias indica que a recomposição que ele havia programado para o final desta quarta-feira será mais abrangente do que o esperado, já que o novo presidente quer preservar esse equilíbrio.
A sigla de Macron, A República em Marcha (LREM), conquistou 308 das 577 cadeiras da Assembleia Nacional no domingo, e o MoDem outras 42.
Isso significa que o presidente não depende do partido menor para fazer sua pauta legislativa avançar no Parlamento, mas pode ter que substituir ministros do MoDem por políticos do conservador Os Republicanos, o que pode dar munição para opositores de esquerda que o classificam como um líder de direita disfarçado.
"Temos uma maioria depois da vitória da noite de domingo e temos os meios para governar", disse o porta-voz do governo, Christophe Castaner, à rádio Europe 1. "Então agora é 'vamos trabalhar, gente, vamos trabalhar'".
O gabinete do primeiro-ministro confirmou a saída de Bayrou, e fontes disseram à Reuters que a ministra de Assuntos Europeus, Marielle de Sarnez, outra autoridade de primeiro escalão do MoDem, também está deixando o gabinete. Na terça-feira a ministra da Defesa, Sylvie Goulard, também do MoDem, já havia renunciado.