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Macron enfrenta quebra-cabeça para montar governo

O jovem presidente centrista e pró-europeu sabe que deve reunir personalidades da direita e da esquerda moderada caso queira aplicar suas reformas

Emmanuel Macron: uma das prioridades do novo presidente é a escolha de um primeiro-ministro capaz de encarnar o espírito de união do país (Jeff J Mitchell/Getty Images)

Emmanuel Macron: uma das prioridades do novo presidente é a escolha de um primeiro-ministro capaz de encarnar o espírito de união do país (Jeff J Mitchell/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de maio de 2017 às 10h59.

Última atualização em 9 de maio de 2017 às 11h00.

O presidente eleito da França, Emmanuel Macron, em negociações para formar seu governo, recebeu nesta terça-feira o apoio do ex-primeiro-ministro socialista Manuel Valls, sinal do colapso do cenário político francês a um mês das legislativas.

O jovem presidente centrista e pró-europeu sabe que deve reunir personalidades da direita e da esquerda moderada, caso queira obter uma maioria parlamentar e aplicar sem freios suas reformas.

"Um quebra-cabeça", resumiu o jornal Le Parisien. Porque apesar de sua clara vitória no domingo contra a extrema direita, com 66% dos votos, Emmanuel Macron, de 39 anos, encontra-se à frente de uma França fraturada.

Eliminados no primeiro turno da eleição presidencial, pela primeira vez em sessenta anos, a direita (partido Os Republicanos) e o Partido Socialista esperam resolutamente a revanche nas legislativas de 11 e 18 de junho.

Ambas as formações se reúnem nesta terça-feira para definir sua estratégia contra o novo presidente: união sob condições, colaboração pontual ou oposição frontal?

Também precisam cerrar fileiras, enquanto vários de seus membros parecem tentados a se juntar ao acampamento presidencial.

Primeiro-ministro de 2014 a 2016 quando Emmanuel Macron foi ministro da Economia, o socialista Manuel Valls provocou uma onda de choque, anunciando seu total apoio ao novo presidente.

"Serei candidato da maioria presidencial e quero me inscrever no movimento (...) A República em Marcha", disse à rádio RTL, antes de convidar os "progressistas" e os que pediram voto para Macron no segundo turno presidencial a fazer o mesmo.

"O Partido Socialista está morto, ficou para trás", criticou Valls, da ala mais à direita do PS e que apoiou Emmanuel Macron frente ao candidato nomeado por seu próprio partido.

Embaraço

Nos extremos, a Frente Nacional de Marine Le Pen, que obteve quase 34% dos votos no domingo, e a França Insubmissa da esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon (19,5% dos votos no primeiro turno) esperam igualmente materializar seu impulso nas urnas.

Face a estes múltiplos oponentes, o movimento centrista que levou Emmanuel Macron ao Palácio do Eliseu se prepara para a batalha.

Renomeado "A República em Marcha", este jovem movimento criado no ano passado e sem raízes locais vai anunciar na quinta-feira os nomes de seus 577 candidatos legislativos.

Sinal desta dificuldade, o anúncio de Manuel Valls foi recebido com algum embaraço.

"Primeiro, ele deve apresentar o formulário de candidatura", declarou Christophe Castaner, um porta-voz de Emmanuel Macron, ressaltando que cabe às instâncias do movimento escolher os candidatos.

Outra prioridade do novo presidente: a escolha de um primeiro-ministro capaz de encarnar o espírito de união do país. Emmanuel Macron anunciará sua decisão após tomar posse na manhã de domingo no Palácio do Eliseu.

Parabenizado por muitos líderes europeus e de todo o mundo desde domingo, o novo chefe de Estado francês, no entanto, já recebeu uma advertência da Comissão Europeia, que exigiu o respeito dos compromissos da França para reduzir o déficit orçamentário.

"A França deve fazer um esforço" para manter seu déficit abaixo de 3% do produto interno bruto em 2018, estimou o comissário europeu Pierre Moscovici, em visita a Paris, que espera que Macron "mantenha suas promessas de campanha" para cumprir os critérios europeus.

Mais diretamente, o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, pediu na segunda-feira a Emmanuel Macron para reduzir os gastos públicos na França uma vez no poder, julgando que o atual nível não era sustentável a longo prazo.

"Somos confrontados com a França a um problema particular, os franceses gastam muito dinheiro e gastam no lugar errado", disse Juncker, em Berlim.

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