Protestos na França: freve atingiu os sistemas de transportes públicos no país (Benoit Tessier/Reuters)
AFP
Publicado em 8 de dezembro de 2019 às 14h55.
Última atualização em 9 de dezembro de 2019 às 10h26.
O presidente francês, Emmanuel Macron, terá uma semana difícil, em meio a greves em massa e a mobilizações sociais com cerca de 800 mil pessoas que completam seu quarto dia, neste domingo (8), e deixam o país semiparalisado, em protesto por uma polêmica reforma do sistema previdenciário.
Os franceses temem uma "segunda-feira negra", especialmente na região de Paris. A Companhia Ferroviária Nacional Francesa (SNCF) já alertou os usuários que o influxo para as estações será "muito perigoso" para a segurança dos viajantes, levando-se em consideração o serviço mínimo estabelecido antes da greve.
O mesmo tom alarmante foi usado pela RATP (operadora de transporte público de Paris), que pediu a "todos os viajantes que têm a possibilidade para adiarem seus deslocamentos", dada a "forte saturação da rede", com dez linhas de metrô fechadas.
Consultas em Matignon (residência do primeiro-ministro), encontro no Eliseu (sede da presidência), batalhas de comunicação: o governo está agindo para salvar sua reforma previdenciária.
Macron se encontrará neste domingo à noite com vários de seus ministros para tentar superar a crise, depois que os sindicatos decidiram "ampliar" a greve da empresa pública SNCF a partir desta segunda-feira (9).
O presidente e seu primeiro-ministro, Edouard Philippe, convidaram líderes e ministros do governo para um "almoço" no palácio presidencial amanhã.
Em entrevista publicada no Journal du Dimanche (JDD), o premiê alegou que, "Se não fizermos hoje uma reforma profunda, séria, progressiva, outro (governo) fará outra no futuro que será brutal, realmente brutal".
Em meio à tentativa de articulação do governo, os sindicatos também se mostram determinados. "Aguentaremos até que a reforma seja retirada", rebateu, em entrevista ao mesmo jornal, o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez.
Amanhã à tarde, o responsável pelos assuntos de Previdência no governo Macron, Jean-Paul Delevoye, apresentará suas conclusões aos agentes sociais.
Na quarta-feira, Edouard Philippe detalhará o plano de mesclar os 42 regimes existentes.
A mobilização nas ruas é contra um "sistema universal" de aposentadoria, que planeja substituir os atuais 42 regimes de aposentadoria existentes.
O Executivo francês promete um dispositivo "mais justo", mas seus críticos temem uma maior "precariedade" para os aposentados.
O projeto de reforma da Previdência ainda não foi totalmente divulgado, embora vários de seus princípios tenham sido antecipados.
"Não quero que nossos netos nos digam: você conseguiu se aposentar com essa idade, mas, em troca, sacrificou minha aposentadoria", afirma o secretário-geral da CGT.
A mobilização e as greves podem durar vários dias. Alguns temem que os atos continuem até o Natal, gerando um dos piores conflitos na metade do mandato de Emmanuel Macron.
O presidente francês superou, relativamente, o desafio dos "coletes amarelos", que, desde novembro de 2018 e por 56 sábados consecutivos até agora, foram às ruas exigir igualdade e melhorias sociais e econômicas.
Os "coletes amarelos" - um movimento autônomo, sem lideranças claramente definidas - voltaram a marchar no sábado, também expressando solidariedade às manifestações convocadas pelos sindicatos.