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Macron encara seu grande teste: a insatisfação do francês comum

Presidente francês ordenou maior diálogo com representantes dos “coletes amarelos”, manifestantes que cobram a revisão num aumento do preço dos combustíveis

Emmanuel Macron: presidente francês tem o desafio de lidar com protestos contra o aumento dos combustíveis (Regis Duvignau/Reuters)

Emmanuel Macron: presidente francês tem o desafio de lidar com protestos contra o aumento dos combustíveis (Regis Duvignau/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 06h21.

Última atualização em 4 de dezembro de 2018 às 06h24.

O governo do presidente francês Emmanuel Macron decidiu encarar de frente o maior desafio de sua gestão e vai se reunir, nesta terça-feira, com representantes dos “coletes amarelos”, que há dias protestam contra o aumento no preço dos combustíveis. O primeiro-ministro Edouard Philippe vai se reunir nesta terça-feira com representantes do movimento para tentar dissipar as tensões. No Senado, o ministro do Interior, Christophe Castaner, vai dar explicações sobre como os protestos têm sido monitorados.

No final de semana quase 200.000 pessoas foram às ruas do país para um protesto predominantemente pacífico e anárquico, organizado pelas redes sociais e sem liderança clara. Mas grupos recorreram à violência e transformaram Paris numa cena de guerra — como as vistas no Brasil nos embates entre polícia e black blocs. Uma nova grande manifestação está marcada para o dia 8 de dezembro na cidade.

 

 

Pelo país, os protestos já estão levando à escassez de itens como combustível e, se não forem rapidamente solucionados, podem transformar o natal francês num caos logístico. A onda de manifestações, que começou em 17 de novembro, é considerada a maior no país desde maio de 1968, e exige que o governo desista de aumentar o preço dos combustíveis em até 6 centavos por litro a partir de primeiro de janeiro.

Macron, eleito há 18 meses com uma pauta focada na modernização da economia francesa, ainda tem apoio de três quartos da população, mas os protestos atacam seu ponto fraco: a distância para o francês comum, que considera seu governo voltado para os ricos. Desde que chegou ao Palácio do Eliseu, ele tratou de se posicionar como liderança global e tem sido bem sucedido em se posicionar como contraponto a Donald Trump em pautas como as mudanças climáticas. Mas voltou no domingo do encontro do G20, em Buenos Aires, e se deparou com cartazes pedindo sua renúncia.

Para evitar que a situação piore ainda mais, Macron tem defendido, de um lado, mais diálogo e, de outro, a mão pesada da polícia, que já prendeu mais de 400 manifestantes. Estudou até declarar estado de emergência, como a França já fez em protestos de 2005 e após ataques terroristas em 2015. Terá, para além de tudo isso, que se conectar com um classe média e média baixa que se sente excluída das políticas governamentais e deixada para trás pela globalização. É um filme que já foi visto no Reino Unido e nos Estados Unidos.

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