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Macron deve chancelar projeto contra "extremismo islâmico" nesta quarta

A ideia é fortalecer a integração da comunidade islâmica no país. Escolas poderão impedir famílias de muçulmanos a ensinar seus filhos em casa

No início de novembro, Macron publicou uma coluna no jornal britânico Financial Times na qual explicava que "a França está lutando contra o separatismo islâmico, nunca contra o islã" (Koji Sasahara/Pool/Reuters)

No início de novembro, Macron publicou uma coluna no jornal britânico Financial Times na qual explicava que "a França está lutando contra o separatismo islâmico, nunca contra o islã" (Koji Sasahara/Pool/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 06h12.

Última atualização em 9 de dezembro de 2020 às 08h50.

O governo do presidente francês Emmanuel Macron deve se reunir nesta quarta-feira, 9, para dar os toques finais num projeto de lei contra o "extremismo islâmico", numa tentativa de dar alguma resposta aos franceses à escalada de violência com a comunidade muçulmana no país. Nos últimos dois meses, a França foi alvo de três atentados creditados a radicais defensores do Islã, entre eles a decapitação do professor Samuel Paty, que usou imagens satirizando o profeta Maomé em sala de aula.

A ideia do governo francês com a lei é fortalecer a integração da comunidade islâmica ao restante do país. Pela nova legislação, escolas públicas terão mandato para impedir famílias islâmicas a ensinar seus filhos em casa – o chamado "homeschooling" – e de acordo com os preceitos da religião. Na visão dos ministros de Macron, este é um dos principais vetores para a radicalização da comunidade islâmica do país contra os valores do restante da sociedade francesa.

No início de novembro, Macron publicou uma coluna no jornal britânico Financial Times na qual explicava que "a França está lutando contra o separatismo islâmico, nunca contra o islã". Na sexta-feira, o presidente voltou ao assunto depois que alguns veículos de comunicação anglo-saxões acusaram a França de atacar muçulmanos.

"A França não tem problemas com o Islã, tem até uma relação antiga (...) Simplesmente, construímos nossa República, nosso projeto coletivo, com a separação entre o político e o religioso, é isso que às vezes muitas regiões do mundo têm dificuldade de compreender", explicou ele em uma entrevista.

Ao se referir ao recente assassinato de um professor que mostrou caricaturas de Maomé em sala de aula, em outubro, Macron afirmou que a França "foi atacada" porque "defendia a liberdade de expressão".

Ele disse que "ficou impressionado com o fato de que a imprensa anglo-saxônica disse que 'esses franceses são estrangeiros, insultaram o profeta, não gostam do Islã, têm um problema com esta religião'". O presidente enfatizou, porém, que a lei francesa defende a "plena liberdade de expressão", incluindo o direito à blasfêmia.

A França tem sido alvo de boicotes e manifestações no mundo muçulmano depois que Macron defendeu a liberdade de expressão após o assassinato em outubro de um professor por mostrar caricaturas do profeta Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão.

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