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Macron defende diálogo após pior onda de protestos em Paris desde 1968

A rebelião do "colete amarelo" começou como uma reação contra os aumentos do imposto sobre o combustível, mas se espalhou

Emmanuel Macron chega para encontro com policiais e bombeiros com o ministro do Interior, Christophe Castaner, o secretário de Estado para o interior, Laurent Nunez,, e o responsável pela polícia de Paris, Michel Delpuech (Thibault Camus/Reuters)

Emmanuel Macron chega para encontro com policiais e bombeiros com o ministro do Interior, Christophe Castaner, o secretário de Estado para o interior, Laurent Nunez,, e o responsável pela polícia de Paris, Michel Delpuech (Thibault Camus/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de dezembro de 2018 às 17h43.

Última atualização em 2 de dezembro de 2018 às 17h46.

Paris - O presidente da França, Emmanuel Macron, ordenou neste domingo ao primeiro-ministro francês que ele mantenha diálogo com líderes políticos e manifestantes de forma a conseguir estancar a onda de protestos que atinge todo o país, com manifestantes transformando o centro de Paris em uma zona de batalha.

A tropa de choque teve trabalho para conter no sábado os manifestantes que tomaram as ruas dos bairros mais ricos de Paris, incendiando dezenas de carros, saqueando lojas e destruindo residências e cafés de luxo nos piores distúrbios que a capital presenciou desde 1968.

A agitação começou como uma reação contra os aumentos do imposto sobre o combustível, mas se espalhou. A onda de manifestações representa o maior e mais duro desafio até o momento para a Presidência de Macron, com a escalada da violência e da insatisfação pública contra suas reformas econômicas que pegaram o presidente de 40 anos desprevenido e com dificuldades para recuperar o controle da situação.

Depois de uma reunião com membros do governo no domingo, o gabinete da Presidência da França disse em comunicado que o presidente pediu a seu ministro do Interior para preparar forças de segurança em prevenção contra futuros protestos e a seu primeiro-ministro para manter diálogo com líderes de partidos políticos e representantes dos manifestantes.

Uma fonte da Presidência francesa afirmou que Macron não fará um discurso à nação neste domingo, apesar dos pedidos para que ele ofereça concessões imediatas aos manifestantes, e disse que a ideia de impor um estado de emergência não foi discutida.

De volta após a cúpula do G20 na Argentina, Macron correu para o Arco do Triunfo, um monumento venerado e epicentro dos protestos de sábado, onde os manifestantes exibiram frases como "Macron, renuncie" e "Os coletes amarelos triunfarão".

A rebelião do "colete amarelo" surgiu do nada em 17 de novembro, com manifestantes bloqueando estradas em toda a França e impedindo o acesso a alguns shoppings, depósitos de combustível e aeroportos. Grupos violentos da extrema-direita e da extrema-esquerda, bem como jovens dos subúrbios, se infiltraram nos protestos de sábado, disseram as autoridades.

O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, indicou que o governo Macron estava considerando impor um estado de emergência. O presidente se mostrou aberto ao diálogo, disse ele, mas não reverterá as reformas políticas.

"Não vamos mudar de rumo. Estamos certos disso", disse ele à rádio Europe 1.

Enquanto ele falava, operários na parte mais abastada da região central de Paris começaram a limpar o Arco do Triunfo, removendo carros carbonizados e substituindo as janelas quebradas de bancos, restaurantes e lojas reluzentes.

Embora os protestos tenham sido inicialmente contra o aumento de impostos de combustível anunciado por Macron - que ele alega ter como objetivo combater as mudanças climáticas -, eles também explicitaram uma profunda insatisfação contra as reformas liberais, que muitos eleitores consideram favoráveis aos ricos e aos grandes negócios.

A polícia disse que prendeu mais de 400 pessoas em Paris no sábado e que 133 ficaram feridas. Cerca de 10 mil bombas de gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral foram disparadas, além de canhões de água.

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