Presidente da França, Emmanuel Macron. (Divulgação/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de agosto de 2021 às 20h10.
O presidente francês Emmanuel Macron anunciou nesta segunda-feira, 16, uma iniciativa europeia para lidar com os fluxos de imigrantes do Afeganistão que devem ser desencadeados após o Talibã tomar o país.
Num discurso na televisão, Macron alertou que a desestabilização do Afeganistão pode gerar fluxos migratórios irregulares e afirmou que embora a França continue a proteger "os mais ameaçados", a Europa sozinha não pode suportar as consequências da situação real.
"Será lançada uma iniciativa para construir, sem esperar mais, uma resposta robusta, coordenada e unida", afirmou Macron em seu discurso. O presidente disse que já conversou sobre o plano com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Macron prometeu "luta contra os fluxos irregulares, solidariedade no esforço e harmonização dos critérios de proteção e a cooperação com os países de trânsito e de acolhimento", o que poderia incluir acordos com Paquistão, Turquia e Irã, por exemplo.
O presidente francês afirmou que neste momento a urgência absoluta é colocar em segurança os franceses que ainda estão no Afeganistão, assim como os afegãos que trabalharam para a França.
Para retirar civis do país, Macron ordenou o envio de forças especiais e de dois aviões militares, que tiveram de fazer escala na base aérea que a França tem nos Emirados Árabes Unidos. A previsão é de que os voos cheguem ao Afeganistão nas próximas horas, e as forças especiais trabalharão em parceria com os militares dos EUA.
A França esteve envolvida militarmente no Afeganistão desde que os Estados Unidos lançaram a operação internacional contra o regime do Taleban no final de 2001, em resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro, até sua retirada no final de 2014.
Milhares tentam escapar do país. Nesta segunda-feira, vários afegãos agarraram-se à lateral de um avião militar dos EUA, em uma tentativa desesperada de embarcar.
Houve caos no aeroporto, onde pelo menos cinco pessoas morreram, de acordo com a agência Reuters. Tropas americanas teriam disparado tiros de advertência, afirmam testemunhas.
Os voos foram interrompidos mais tarde por causa do caos, com a Alemanha dizendo que teve que desviar seu primeiro de três voos de retirada planejada para a capital do Usbequistão, Tashkent, porque não havia como pousar em meio à multidão de pessoas na pista.
Vídeos e fotos postados nas redes sociais mostraram centenas de civis invadindo a única pista do aeroporto, se acotovelando para subir escadas nos corredores aéreos e sentados no topo dos jatos de passageiros na esperança de conseguir um voo.
Organizações de direitos humanos não estão conseguindo resgatar aliados do Afeganistão. Ativistas, jornalistas e defensores dos direitos das mulheres afegãos tentam identificar rotas de fuga, enquanto as organizações da sociedade civil internacional intensificam esforços após a tomada do Taleban no Afeganistão.
Sem voos comerciais e emissão de passaportes, as novas rotas de fuga devem ser a pé, principalmente via fronteiras com Irã e Paquistão. Só neste ano, mais de 27 mil pessoas cruzaram a fronteira com o Irã, rota de contrabando popular para migrantes afegãos que buscam entrar na Turquia antes de seguir para a Europa.
De acordo com a agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), ao menos 400 mil afegãos já deixaram suas casas desde o início do ano.
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