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Macron ameaça pedir um referendo se Parlamento atrasar reformas

Presidente francês deseja reduzir o número de parlamentares em um terço, conter o papel do Executivo e introduzir uma "dose" de representação proporcional

Emmanuel Macron: partido República em Marchado presidente garantiu uma maioria confortável na Assembléia Nacional (Etienne Laurent/Reuters)

Emmanuel Macron: partido República em Marchado presidente garantiu uma maioria confortável na Assembléia Nacional (Etienne Laurent/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de julho de 2017 às 14h38.

Versalhes / Paris - O novo presidente da França, Emmanuel Macron, disse ao Parlamento em um discurso cerimonial na segunda-feira que buscará a aprovação direta dos eleitores em um referendo se o Parlamento não analisar as reformas institucionais pretendidas rapidamente.

Eleito apenas dois meses atrás por uma grande maioria, Macron disse aos parlamentares de ambas as Casas, convocadas especialmente para o Palácio de Versalhes, que deseja reduzir o número de parlamentares em um terço, conter o papel do Executivo em nomear magistrados e introduzir uma "dose" de representação proporcional.

O partido República em Marcha (LREM, na sigla em francês) de Macron garantiu uma maioria confortável na Assembléia Nacional, mas o líder mais novo da França desde Napoleão deixou clara sua impaciência para completar a remodelação do cenário político que ele começou.

"O povo francês não é conduzido por curiosidade paciente, mas por uma demanda inflexível. É uma profunda transformação que eles esperam", disse Macron à sessão conjunta do Parlamento especialmente convocada para esta segunda-feira.

"Quero todas essas reformas profundas que nossas instituições seriamente precisam realizadas em um ano. Essas reformas irão ao Parlamento, mas, se necessário, as apresentarei aos eleitores em um referendo."

Macron, cuja plataforma de centro tirou os tradicionais partidos de direita e esquerda do governo, não é o primeiro líder francês a convocar o que é chamado de Congresso de ambas as Casas do Parlamento, embora os últimos presidentes tenham tendido a usá-lo em tempos de crise ou para reformas constitucionais.

Os assessores de Macron disseram que, ao reunir os 925 membros do Parlamento para o palácio do século 17 construído fora de Paris por Luís XIV (o "Rei Sol"), o presidente estava buscando restaurar a grandeza anterior da Presidência.

Presidência "jupiteriana"

O próprio Macron disse que planeja uma Presidência "jupiteriana" como uma figura remota e digna, como o deus dos deuses romanos, que pesa cuidadosamente seus raros pronunciamentos. Seria uma ruptura marcada com o estilo de "homem do povo" de seu impopular, e muitas vezes ridicularizado, antecessor.

"O primeiro ato de uma Presidência incontestada", diz a capa do jornal Liberation, mostrando um Macron de peito nu como um deus em uma toga romana segurando raios.

Embora muitos na França ainda tenham simpatias pelo poder presidencial, o estilo de Macron agrada outros que lamentam os fortes poderes que a Constituição elaborada pelo herói de guerra Charles de Gaulle confere à Presidência.

Uma boa maioria parlamentar, incluindo dezenas de parlamentares novatos na política, fortaleceu ainda mais o controle de Macron.

Além dos planos para a reforma institucional, o discurso de Macron teve poucos anúncios concretos, e não há detalhes sobre as medidas muito mais controversas que ele planeja, principalmente sobre a liberalização de um mercado de trabalho altamente regulamentado.

Muitos desses pontos provavelmente serão tratados pelo primeiro-ministro de Macron, Edouard Philippe, quando ele se dirigir ao Parlamento na terça-feira.

Os parlamentares da oposição de extrema-esquerda França Insubmissa e do Partido Comunista boicotaram o discurso de Macron, e cerca de 100 comunistas que usavam os bonés vermelhos dos revolucionários franceses de 1789 fizeram uma manifestação de protesto.

"O sr. Macron é um desafio para a democracia", disse Nicole Coulbaut, professora aposentada de 65 anos e ativista comunista. "Para ele, não é o Parlamento ou o povo que governa, mas ele mesmo, Júpiter."

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