Mundo

Macri e Temer buscarão promover comércio e abertura do Mercosul

Os dois líderes compartilham a visão de que é necessário reduzir o peso dos governos na atividade econômica

Temer e Macri: um dos setores fundamentais na relação entre os dois países é a indústria automotiva (Enrique Marcarian / Reuters)

Temer e Macri: um dos setores fundamentais na relação entre os dois países é a indústria automotiva (Enrique Marcarian / Reuters)

E

EFE

Publicado em 6 de fevereiro de 2017 às 13h55.

Brasília - O presidente da Argentina, Mauricio Macri, chegará nesta terça-feira a Brasília para uma visita que pretende ser um incentivo para o desaquecido comércio bilateral e um empurrão para uma maior abertura do Mercosul aos mercados mundiais.

Macri será recebido pelo presidente Michel Temer, com quem compartilha a visão de que é necessário reduzir o peso dos governos na atividade econômica para abrir amplos espaços para o desenvolvimento do investimento privado.

Será a primeira visita de Estado de um líder latino-americano ao Brasil desde que Temer chegou ao poder após o impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff, em agosto de 2016. Dessa forma, Macri retribui a viagem que o peemedebista fez a Buenos Aires em outubro.

O segundo encontro entre os dois ocorrerá em um momento em que o comércio bilateral, eixo das relações entre as maiores economias do Mercosul, está em franca decadência.

O comércio entre os dois países, que há poucos anos chegou a US$ 35 bilhões, fechou 2016 em US$ 22,5 bilhões, com um superávit a favor do Brasil na casa de US$ 4 bilhões.

Em parte, essa queda foi atribuída à severa crise vivida pela economia brasileira, imersa em uma profunda recessão e que lembra a muitos uma velha máxima repetida pelo próprio Macri nos últimos meses: "Quando o Brasil espirra, a Argentina sofre uma pneumonia".

Um dos setores fundamentais na relação entre os dois países é a indústria automotiva. Um acordo de livre-comércio foi firmado e entrará em vigor em 2020, mas ainda existem diversas restrições.

O subsecretário para a América Latina do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Paulo Estivallet, disse que o governo Temer acredita que algumas dessas restrições serão revisadas.

"Na medida do possível trabalharemos para que, durante a presidência argentina do Mercosul, no primeiro semestre deste ano, e durante a brasileira, no segundo semestre, possamos avançar o máximo possível na eliminação de barreiras comerciais entre os países", afirmou o diplomata.

Dentro da análise que Macri e Temer farão da situação do bloco integrado por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai (a Venezuela está suspensa), estão as negociações comerciais com a União Europeia (UE), mas também a busca de uma maior abertura para outras regiões.

Fontes dos governos dos dois países e dos outros membros do Mercosul afirmaram que as políticas protecionistas anunciadas pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem ser uma oportunidade para a busca de novos mercados.

Essa avaliação foi feita, por exemplo, pelo ministro de Produção da Argentina, Francisco Cabrera, durante visita realizada na semana passada a Brasília, preparatória para a viagem de Macri.

"Em um momento em que se assiste ao retorno do protecionismo, é imperioso fortalecer a integração regional e ampliar a rede de acordos internacionais", defendeu o ministro argentino.

Fontes do governo brasileiro confirmaram que há "pleno acordo" nessa linha de pensamento entre Macri e Temer. Além do acordo com a UE, o Mercosul pretende realizar negociações com Japão, Coreia do Sul e Canadá, afetados pela decisão dos EUA de abandonar a Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês).

A visita de Macri, por ser de Estado, incluirá depois do encontro com Temer uma série de reuniões com autoridades do Legislativo e do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, o presidente argentino voltará amanhã mesmo para Buenos Aires.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaGoverno TemerMauricio MacriMercosulMichel Temer

Mais de Mundo

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo

Quais países têm salário mínimo? Veja quanto cada país paga