Macri: "O Brasil viveu um inferno no curto prazo, mas estabeleceu bases impressionantes para o médio e longo prazo" (Miguel Schincariol/Getty Images)
EFE
Publicado em 13 de outubro de 2017 às 21h52.
Buenos Aires - O presidente da Argentina, Mauricio Macri, destacou nesta sexta-feira a independência da Justiça do Brasil, que investiga "presidentes e ex-presidentes", e indicou que esse deve ser um objetivo a ser buscado na Argentina, onde o "nível de descrédito" das pessoas no Judiciário é "de doer".
"O Brasil viveu um inferno no curto prazo, mas estabeleceu bases impressionantes para o médio e longo prazo. Hoje um sistema institucional muitíssimo mais sólido, com uma Justiça absolutamente independente que não tolera nenhuma violação da Constituição", disse Macri no encerramento de um evento para empresários.
Para o presidente argentino, "não importa" para a Justiça brasileira quem será investigado, sejam eles "presidentes ou ex-presidentes", sem citar nomes.
"Isso é o que temos que buscar. Quanto mais poderoso, maior deve ser o peso da lei para a quem a viola", completou Macri.
Atualmente há vários casos na Justiça da Argentina contra membros do governo da ex-presidente Cristina Kirchner. Ela própria é investigada por crimes de corrupção durante sua administração.
Durante seu discurso, Macri avaliou que, "lamentavelmente", a política argentina "intoxicou a Justiça" nos últimos 30 anos e é preciso "voltar a separar as coisas".
"O Brasil está colhendo os frutos de uma reforma feita na forma de escolher os juízes há 15 ou 20 anos. Aqui temos que semear, elegendo em cada concurso os melhores. Os juízes não têm que ser amigos dos políticos, mas sim da lei. Devem ser orgulhosos e respeitados pela sociedade", disse Macri.
"É de doer quando vejo o nível de descrédito que a Justiça tem na sociedade. Para mim, a instituição dos juízes é algo importante", completou o presidente argentino.
As declarações de Macri foram dadas apenas nove dias antes das eleições legislativas. De acordo com as pesquisas, o governo viverá uma espécie de "referendo de aprovação" em todo o país.
Entre os temas tratados no discurso, o presidente afirmou que a política tem que ser simplificada, começando pelo sistema eleitoral atual, que definiu como "incômodo, arcaico e trapasseiro". E citou que propôs uma reforma do mecanismo, uma proposta que fracassou porque o kirchnerismo se opôs.
"Quando ouço a ex-presidente dizer que o sistema não funciona, que é demorado... Primeiro, ela não tem memória, porque demorava muito mais quando ela organizava as eleições", criticou.