Da perspectiva do usuário, um cigarro de maconha representa dois quilos de emissões de CO2 - o mesmo que deixar uma lâmpada de 100 watts acesa por 25 horas (Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 28 de agosto de 2012 às 12h30.
São Paulo – Depois da cidade espanhola de Rasquera, na Catalunha, resolver plantar maconha para fugir da crise, três estados americanos, Washignton, Oregon e Colorado, vão levar à votação, em novembro, junto com as eleições presidenciais, uma proposta de legalização da cannabis sativa para uso recreativo. Mais do que abraçar argumentos médicos ou científicos, eles defendem que a venda da maconha (liberada em 14 estados do país para uso medicinal) poderá gerar aos cofres públicos alguns bilhões de dólares em tributos.
Mas há uma questão específica que é praticamente esquecida: o impacto ambiental da produção da maconha no país, como destaca o site Huffington Post. A reportagem sobre a pegada de carbono da erva cita um estudo independente divulgado ano passado que mostra que a maconha cultivada nos EUA tem um custo ao meio ambiente.
A análise feita pelo pesquisador Evan Mills, especializado em energia e mudanças climáticas, revela que a produção da erva no interior de casas e apartamentos, que funcionam como estufas (o chamado cultivo indoor), consome pelo menos 1% de toda a eletricidade do país. Essa demanda de energia custa cerca de 6 bilhões de dólares.
Da perspectiva dos consumidores individuais, um único cigarro de cannabis representa 2 quilos de emissões de CO2, um montante igual a deixar uma lâmpada de 100 watts acesa por 25 horas. Somando a energia consumida mais o transporte da droga, a produção anual da erva nesse formato geraria emissões de CO2 equivalentes ao emitido por três milhões de carros.
Segundo o relatório, o cultivo indoor demanda um sistema intensivo de “iluminação, técnicas específicas de desumidificação para remover o vapor de água, aquecimento especial durante períodos frios e nublados”. Por isso, há quem defenda que a legalização da erva permitiria uma maior produção ao ar livre, o que reduziria a pegada de carbono da droga.
Multiuso
Não há dúvidas de que o debate sobre liberar ou não a droga vai levantar discussões acaloradas nos próximos meses. Principalmente se as discussões abordarem não apenas a vocação terapêutica e medicamentosa da canabis sativa, mas também sua aplicação em carrocerias de carro e até mesmo a capacidade de produzir energia. Pesquisadores da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, descobriram que a fibra da Cannabis sativa, conhecida como o cânhamo industrial, tem propriedades que a tornam viável e atraente como matéria-prima para a produção de biodiesel.
*Matéria atualizada às 12h05