Acordo: França, Irlanda e Finlândia também fizeram pressão sobre situação da floresta (Nacho Doce/Reuters)
EFE
Publicado em 25 de agosto de 2019 às 09h53.
Última atualização em 25 de agosto de 2019 às 09h59.
Bruxelas, 25 ago (EFE).- O governo de Luxemburgo não apoiará o acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul se o Brasil não começar a cumprir a partir de agora as obrigações climáticas impostas pelo tratado e proteger a Amazônia, que há mais de dez dias vem sofrendo vários incêndios.
O ministro das Relações Exteriores do país, Jean Asselborn, afirmou em comunicado que, "diante de um desmatamento da Amazônia que causa incêndios dramáticos", o governo luxemburguês "espera que os parceiros do Mercosul respeitem inclusive antes da conclusão do acordo negociado os compromissos do Acordo de Paris".
"Luxemburgo não poderá respaldar a assinatura do acordo se o Brasil não se preparar para respeitar a partir de agora as suas obrigações a respeito do Acordo de Paris que estão nas negociações com a UE", acrescentou.
Asselborn e o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, vão propor ao conselho de ministros para que seja paralisada a decisão de assinar o acordo, que foi conseguido no final de julho, mas que ainda precisa do sinal verde dos países da UE para poder entrar em vigor.
O acordo selado entre a UE e o Mercosul após duas décadas de negociações é o primeiro dos tratados de livre-comércio envolvendo o bloco europeu que inclui a obrigação de respeitar o Acordo de Paris pelo clima.
Luxemburgo considera que o acordo comercial é "uma oportunidade histórica", mas acredita que é preciso uma mudança de rumo para garantir o "respeito à floresta amazônica, que é o pulmão do planeta" - embora, de fato, não o seja, já que consome a maior parte do oxigênio que produz.
Além de Luxemburgo, França e Irlanda também já tinham ameaçado não assinar o acordo se o Brasil não respeitar os compromissos de proteção do meio ambiente.
Já a Finlândia, que preside atualmente a União Europeia, propôs a possibilidade de impor restrições às importações de carne do Brasil, maior abastecedor mundial, como forma de pressionar o país a preservar a Amazônia e cumprir os acordos ambientais.