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Luta entre aliados de Netanyahu abre porta a nova eleição

Primeiro projeto para a dissolução do Parlamento foi aprovado; se a lei for aprovada, levaria à convocação de novas eleições

Netanyahu: primeiro-ministro israelense pediu a extensão do prazo em 15 dias, mas as negociações das últimas semanas levaram a um impasse (Ronen Zvulun/Reuters)

Netanyahu: primeiro-ministro israelense pediu a extensão do prazo em 15 dias, mas as negociações das últimas semanas levaram a um impasse (Ronen Zvulun/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de maio de 2019 às 06h27.

São Paulo - O Parlamento israelense aprovou ontem, de forma preliminar, uma lei para sua dissolução, o primeiro passo para possíveis novas eleições, em razão de um impasse nas negociações para formar um governo. O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, porém, garante que terá tempo para formar uma coalizão.

O prazo vai até amanhã à noite. Netanyahu foi designado pelo presidente, Reuven Rivlin, para formar um governo após vencer de forma apertada as eleições de 9 de abril. Ele já pediu a extensão do prazo em 15 dias, mas as negociações das últimas semanas levaram a um impasse.

O primeiro projeto para a dissolução do Parlamento foi aprovado com 65 votos a favor, 43 contra e 6 abstenções. São necessárias mais três votações para a aprovação final da lei, que levaria à convocação de novas eleições.

No poder há uma década e correndo risco de ser indiciado por corrupção, Netanyahu tem tido dificuldade para firmar um acordo com uma variedade de partidos de direita, extrema direita e judeus ultraortodoxos que lhe garantiria um quinto mandato. O premiê nega ter cometido qualquer irregularidade e luta contra a intenção do procurador-geral de indiciá-lo por acusações de fraude e recebimento de propina em uma audiência antes do julgamento, marcado para outubro.

Um dos grandes entraves de Netanyahu é seu ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman, que não quer ceder para aceitar participar do governo. Lieberman exige uma mudança na lei de recrutamento para o serviço militar, que também incluiria judeus ultraortodoxos - hoje isentos. A nova lei, no entanto, não tem o apoio de dois partidos religiosos.

"Eu propus uma solução, mas até agora não consegui convencer Lieberman", disse ontem Netanyahu ao Parlamento. "Vamos formar este governo de direita. Ainda há tempo e, em 48 horas, podemos fazer muitas coisas. Não há nenhum motivo para fazer eleições inúteis que custarão caro e bloquearão todas as atividades no país."

A realização de novas eleições tão rapidamente é algo sem precedentes em Israel. Há uma preocupação com os custos e as implicações da prolongada paralisia política. Uma nova votação também seria um duro revés para Netanyahu, que recebeu apoio do presidente americano, Donald Trump, seu aliado.

"Netanyahu vai tentar sobreviver, mas o Estado nos pertence", criticou o líder do partido opositor Azul e Branco, Benny Gantz, que disputou as últimas eleições, mas não conseguiu maioria para se eleger primeiro-ministro.

Netanyahu precisa do apoio dos três partidos de oposição para conseguir uma maioria de 61 deputados. Se não conseguir até amanhã, Rivlin pode convocar novas eleições, encarregar outro parlamentar de formar um novo governo ou dar mais duas semanas de prazo ao premiê interino - mas só se 61 parlamentares apoiarem esta medida por escrito. Outra opção seria um governo minoritário, com uma coalizão de 60 parlamentares e apoio externo de Lieberman, que tem 5 deputados no Parlamento. (Com agências internacionais)

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