Lupi: "Presidente Dilma, desculpa se eu fui agressivo, não foi minha intenção. Eu te amo" (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2011 às 12h56.
Brasília- O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, chefe da pasta que é alvo de denúncias de irregularidades, pediu nesta quinta-feira desculpas públicas por ter declarado que só deixaria o cargo se fosse abatido a bala e disse que "ama" a presidente Dilma Rousseff.
A declaração, feita por Lupi na terça-feira, causou desconforto no Palácio do Planalto, pois teria soado como um desafio à presidente, interpretação que Lupi tentou desfazer nesta quinta durante audiência em comissão da Câmara dos Deputados.
"Nunca eu vou desafiar a presidente Dilma", disse o ministro em audiência pública na Câmara dos Deputados sobre as suspeitas levantadas.
"Presidente Dilma, desculpa se eu fui agressivo, não foi minha intenção. Eu te amo", declarou Lupi.
Lupi voltou a desqualificar as suspeitas que recaem sobre sua pasta e seu partido, o PDT, e criticou o anonimato dos denunciantes. Reportagem da revista Veja denunciou esquema em que assessores e ex-assessores do ministro teriam atuado na cobrança de propina de organizações não governamentais (ONGs).
O dinheiro teria sido cobrado para liberar recursos e resolver "pendências" nos convênios das ONGs com a pasta. As propinas serviriam para abastecer os cofres do PDT.
"A gente se sente profundamente agredido porque é uma denúncia anônima. É uma denúncia que não tem face, que se acoberta na covardia do anonimato", disse Lupi a deputados, ressaltando que nenhuma das denúncias dirige-se diretamente a ele.
A oposição, por sua vez, pediu que o ministro deixe o cargo. "Eu espero que o senhor deixe o ministério para que essas irregularidades possam ser investigadas", disse o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP).
O ministro também defendeu o ex-chefe de gabinete Marcelo Panella, que, segundo a revista, seria o coordenador do esquema de propina. Lupi disse ter "total e absoluta confiança" em Panella, que conhece há 25 anos, e que não há possibilidade do ex-chefe de gabinete estar envolvido em irregularidades.
Lupi admitiu ainda que possam haver falhas e erros administrativos no processo de prestação de contas da pasta. Mas negou enfaticamente que haja esquema de corrupção.
"Corrupção, dentro do Ministério do Trabalho, dentro do meu partido, não há. Eu afirmo, não há. E àqueles que estão afirmando que existe, cabe o ônus da prova."
No início da semana o líder do PDT na Câmara, deputado Giovanni Queiroz (PA), disse que o partido deixaria a base aliada caso o ministro fosse demitido sem provas que o vinculem às irregularidades. Lupi, por outro lado, seguiu a linha das desculpas públicas à presidente e afirmou que a legenda apoia Dilma.
"Independente de cargo, o PDT está com ela. A decisão do PDT de apoiar a Dilma foi antes até do PT."
O ministro voltou a dizer que acionou órgãos como a Polícia Federal e o Ministério Público para apurar as suspeitas. Após a publicação das denúncias, Lupi decidiu instaurar uma sindicância e afastou um dos servidores citados na reportagem que ainda trabalhavam no Ministério.
Ainda durante a audiência, num momento em que estava mais exaltado, Lupi criticou o que chamou de "tribunal de inquisição" em que as pessoas são "execradas" publicamente por denúncias.
Seis ministros do governo Dilma já deixaram a Esplanada, cinco deles por denúncias de irregularidades --Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).