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Lula viaja à França para ampliar parcerias ao lado de comitiva com 140 empresas

Grupo inclui representantes de empresas como BRF, Embraer e Vale; presidente fará visita de Estado de cinco dias ao país

Os presidentes Lula e Emmanuel Macron, durante encontro no Rio de Janeiro, em novembro de 2024 (Ricardo Stuckert/AFP)

Os presidentes Lula e Emmanuel Macron, durante encontro no Rio de Janeiro, em novembro de 2024 (Ricardo Stuckert/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 4 de junho de 2025 às 06h01.

Última atualização em 4 de junho de 2025 às 06h10.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega à França nesta quarta-feira, 4, para uma visita de cinco dias, em que buscará avançar na finalização do acordo entre União Europeia e Mercosul, a cooperação ambiental e parcerias entre as indústrias dos dois países.

A agenda do presidente será extensa e seguirá até a próxima segunda-feira, dia 9. Lula chega a Paris nesta quarta-feira, 4, às 13h30 na hora local (8h30 em Brasília) e vai se encontrar com o presidente Emmanuel Macron.

Trata-se da primeira visita de Estado de um presidente brasileiro ao país em 13 anos, e da segunda visita do presidente Lula, 

O líder brasileiro será recebido com honras de uma visita de Estado e terá uma reunião com Macron. Em seguida, deverão ser assinados 20 termos bilaterais, envolvendo acordos de cooperação na área de vacinas, de segurança pública, de educação e de ciência e tecnologia.

Um anúncio de investimentos entre os dois países também é esperado. Atualmente, a corrente de comércio entre Brasil e França é de US$ 9,1 bilhões, segundo dados de 2024, alta de 8% em relação a 2023. A França é o terceiro país que mais investe no Brasil, com mais de US$ 66,3 bilhões em estoque, segundo a Agência Brasil.

"Vou ter reunião com empresários brasileiros e franceses. Queremos vender o bom momento do Brasil aos empresários franceses para saber se é possível atraí-los a fazer mais investimentos ou parceria privada", disse Lula, em entrevista coletiva na terça-feira, 3.

Comitiva de empresários

O presidente viaja com uma comitiva de 140 empresas e entidades, que participarão de um fórum na sexta-feira, 6. O evento será realizado pela ApexBrasil, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e os governos de Brasil e França.

Entre os integrantes da comitiva empresarial estão representantes da BRF, Embraer, Vale, Braskem, Sanofi, BNDES, Schneider Electric e Stefanini.

“A aproximação entre o Brasil e a França é estratégica para a nossa indústria. Estamos falando de um parceiro com forte atuação em inovação, sustentabilidade e investimentos de alto valor agregado", disse Ricardo Alban, presidente da CNI, em comunicado.

"Estreitar esses laços significa abrir portas para a transferência de tecnologia, ampliação do acesso ao mercado europeu e atração de investimentos que impulsionam a competitividade do parque industrial brasileiro”, afirmou.

Comércio desbalanceado

A França é hoje o 9º maior fornecedor de bens ao Brasil, mas as exportações brasileiras ainda têm baixa presença no mercado francês — apenas 0,6%.

Enquanto o Brasil exporta minerais e produtos agrícolas, a França envia ao país motores, máquinas, medicamentos e produtos de alto valor agregado.

A assinatura do acordo entre União Europeia e Mercosul deverá ampliar o volume de comércio. Na semana passada, Antonio Costa, presidente do Conselho Europeu, veio ao Brasil e disse esperar que o acordo entre os dois blocos seja finalizado até dezembro. O tratado comercial foi fechado no final de 2024, mas ainda precisa ser aprovado pela maioria dos países europeus.

Uma das maiores resistências para a aprovação do acordo vem do setor agrícola da França, que teme prejuízos se tiver de competir com produtos brasileiros. O tratado reduzirá ou eliminará diversos impostos de importação, o que aumentará as possibilidades de negócios entre os dois países.

Há a expectativa de que Lula questione, durante a viagem, a nova Lei Antidesmatamento da União Europeia, que deve entrar em vigor no fim do ano.

O novo instrumento legal europeu proíbe importações de produtos agropecuários vindos de aéreas desmatadas, legalmente ou não, a partir de 2020. A medida atinge café, soja, óleo de palma e madeira, entre outros itens.

Temas globais

Na viagem, Lula deverá tratar ainda de diversos outros temas. "Certamente vamos discutir a guerra da Rússia e da Ucrânia, o massacre do exército de Israel à Faixa de Gaza. Vamos discutir coisas na área da defesa, porque nós temos uma parceria na área do submarino nuclear", afirmou.

Outro ponto alto da agenda deverá ser o anúncio de uma nova declaração climática conjunta dos dois países.

"Há expectativa de adoção de uma nova declaração dos dois líderes, considerando a necessidade de maior mobilização internacional para a COP30 [Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas], sediada pelo Brasil. Também esperamos acordar a criação de um corredor marítimo descarbonizado com a França", disse o embaixador Flávio Goldman, diretor do Departamento de Europa do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista a imprensa na última sexta-feira (30), para detalhar sobre a viagem.

Homenagens e 'floresta urbana'

Na quarta-feira, Lula deve participar ainda da inauguração de uma "floresta urbana", criada pela prefeitura de Paris.

No dia seguinte, quinta-feira, ele deverá receber uma homenagem na Academia Francesa. Na sexta, 6, deverá receber o título de doutor honoris causa na universidade Paris 8. Neste dia, também será realizado o fórum de empresários dos dois países.

Na reta final da viagem, ele deve ir a Mônaco, para um evento sobre uso econômico e conservação dos oceanos, no domingo, 8. A última etapa deverá ser em Nice, para participar da Terceira Conferência da ONU sobre os oceanos.

Com Agência Brasil.

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