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Lula se diz assustado com fala de Maduro sobre 'banho de sangue' na Venezuela

Presidente brasileiro afirmou que perdedor em Caracas deve sofrer apenas 'um banho de votos'; sobre eleição americana, entendimento é de que o Brasil manterá parceria com qualquer candidato eleito

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Nicolás Maduro no X)

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Nicolás Maduro no X)

Agência o Globo
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Publicado em 22 de julho de 2024 às 16h42.

Última atualização em 22 de julho de 2024 às 16h50.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que ficou assustado com as advertências do líder chavista Nicolás Maduro sobre um possível "banho de sangue" em caso de derrota nas eleições marcadas para o próximo domingo.

Em entrevista a agências internacionais, Lula comentou tanto sobre o pleito venezuelano quanto sobre outros temas, incluindo a desistência de Joe Biden nos Estados Unidos e possível indicação de Kamala Harris, dizendo que manteria parceria estratégica com qualquer candidato eleito em Washington.

"Fiquei assustado com as declarações de Maduro de que se perder as eleições haverá um banho de sangue. Quem perde as eleições toma banho de votos, não de sangue", disse o presidente brasileiro sobre durante a entrevista coletiva em Brasília.

Em um comício na semana passada, Maduro afirmou que a Venezuela poderia enfrentar um "banho de sangue" e uma "guerra civil" caso ele não fosse reeleito, em um momento do pleito em que a oposição denuncia uma série de repressões por parte das instituições governistas.

"Se não quiserem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantamos o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo", afirmou Maduro, acrescentando que apenas uma vitória do chavismo garantirá a "paz" no país: "Quanto mais forte for a vitória, mais garantias de paz teremos. Quanto mais fortes forem os votos, mais garantias de futuro garantiremos a estas meninas e meninos".

O silêncio do governo brasileiro sobre as declarações de Maduro causa incômodo na região. Enquanto Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai exigiram conjuntamente o "fim do assédio e da perseguição e repressão" a opositores e a emissão de salvos-condutos para seis que estão refugiados há mais de cem dias na Embaixada da Argentina em Caracas, na sexta-feira, a declaração foi encarada pelo governo brasileiro como apenas uma bravata perante as pesquisas de opinião, que mostram Maduro atrás do candidato de oposição, Edmundo González.

Segundo interlocutores da área diplomática ouvidos pelo O Globo, o Brasil só vai atuar na questão se for chamado por representantes de Maduro e da oposição, "dentro do espírito de Barbados", referindo-se a um acordo assinado entre oposição e governo venezuelano em outubro do ano passado no país caribenho. Mediado por Noruega com a ajuda de vários países, como Brasil, Colômbia e Estados Unidos, o pacto prevê eleições livres, justas, transparentes e aceitas pelos dois lados em disputa.

Relação com os EUA

O presidente também se manifestou sobre os últimos acontecimentos políticos nos EUA, minimizando a saída do presidente Joe Biden da corrida pela Casa Branca. Nas últimas semanas, o petista vinha defendendo o voto no democrata como forma de barrar a volta de Donald Trump ao cargo. Após Biden anunciar que desistiu de tentar a reeleição, o brasileiro disse que a relação do Brasil será com "quem for eleito" e defendeu que o governo brasileiro quer manter "parceria estratégica" com os americanos.

"Agora, eles vão escolher uma candidata ou um candidato, e que o melhor vença a eleição. A relação do Brasil será com quem for eleito. Temos uma parceria estratégica com os Estados Unidos e queremos mantê-la", disse Lula.

Sobre isso, Lula disse também que somente o próprio Biden poderia decidir se ele tinha condições ou não de disputar o pleito.

"Eu fiquei muito feliz quando o presidente Biden foi eleito e mais ainda pelos posicionamentos dele em defesa dos trabalhadores. Estabelecemos juntos uma parceria estratégica em defesa do trabalho decente no mundo. Eu gosto e respeito muito ele. Somente ele poderia decidir se iria ou não ser candidato", acrescentou.

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