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Lula está fazendo empenho pessoal para finalizar acordo do Mercosul, diz Jorge Viana

Presidente da ApexBrasil participou da abertura de fórum de investimentos em São Paulo

Jorge Viana, presidente da ApexBrasil
 (Eduardo Frazão/Exame)

Jorge Viana, presidente da ApexBrasil (Eduardo Frazão/Exame)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 29 de maio de 2025 às 12h21.

Última atualização em 29 de maio de 2025 às 16h28.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo um esforço pessoal para obter a conclusão do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, que deverá ser finalizado até dezembro, disse Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.

"O presidente Lula está empenhado pessoalmente nisso, empenhou-se para pôr fim às negociações de 20 anos e a chegar nessa fase, que é histórica", disse, em conversa com jornalistas no Fórum de Investimentos Brasil-União Europeia, nesta quinta-feira, 29, em São Paulo. O evento é organizado pela ApexBrasil, pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e pela União Europeia.

"Agora mesmo, o presidente Lula tem uma viagem à França. A França tem uma posição diferente. Nós entendemos as razões e as questões internas com o setor agrícola deles. Mas achamos que isso precisa ser superado, porque vai ser bom também para a França", afirmou.

Lula anunciou uma viagem à França entre os dias 4 e 9 de junho.

Acordo poderá ser finalizado em dezembro

Nesta quinta, o presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, disse esperar que o processo de implantação do acordo seja finalizado até dezembro.

"Em junho ou julho, o acordo será enviado para o Conselho Europeu. Nosso objetivo é que a assinatura possa ser coincidente com a reunião de cúpula do Mercosul, em dezembro", disse, durante entrevista coletiva.

"Se nós todos nos empenharmos, esse acordo vai sair. Ele muda a geografia econômica e cria uma possibilidade, uma perspectiva para o Brasil de crescimento para os setores industrial, agrícola e de serviços", afirmou Viana.

A importância do acordo Mercosul-Uniâo Europeia

O acordo entre Mercosul e União Europeia é negociado há 20 anos. No final de 2024, ele foi finalizado e aprovado pelos países do Mercosul, mas ainda precisa ser aprovado pelos países europeus para entrar em vigor.

O acordo entre os dois blocos abrangerá 20% do PIB mundial e beneficiará 720 milhões de pessoas, apontou Costa.

"Ao eliminar 90% das tarifas aduaneiras, este acordo reforçará as duas regiões com epicentro geográfico do comércio e de investimentos globais", afirmou.

A ApexBrasil estima que as exportações do Brasil para a Europa possam crescer 10% nos quatro primeiros anos após o acordo passar a vigorar, e que a alta pode chegar a 30% até 2035.

Reação a Trump

Viana comentou, ainda, as medidas protecionistas implantadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que ele considera difíceis de serem implantadas.

"Quando me questionaram sobre as medidas adotadas pelo governo Trump, eu falei que eram medidas difíceis de serem implementadas no mundo de hoje, especialmente dentro dos Estados Unidos", afirmou.

Viana disse que a suspensão das tarifas recíprocas de Trump, ordenada pela Justiça na quarta-feira, 28, é um sinal desta dificuldade em avançar com as medidas. Um tribunal de Nova York decidiu que o governo não poderia ter usado um decreto de emergência para aumentar as taxas.

Em abril, o presidente americano determinou uma tarifa extra mínima de 10% para todos os produtos importados pelos Estados Unidos, além de cobranças extras para países com maior déficit comercial.

"Ontem eu li que há agora um enfrentamento jurídico nos Estados Unidos contra as medidas do executivo, porque são medidas difíceis de serem implementadas.

"Os Estados Unidos deram o melhor exemplo para nós, os acordos do livre comércio. Mudar essa agenda fragmenta muito, mas temos de ser pragmáticos. Eles são nosso grande parceiro comercial. Não podemos abrir um conflito", prosseguiu.

"O Brasil é um país das soluções, da paz e de ser parte da solução dos problemas", disse.

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