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Lula embarca para Nova York e abre Assembleia da ONU em meio a tarifaço dos EUA

Presidente participa da 80ª Assembleia Geral da ONU na qual vai reforçar agenda climática e diplomática. Será a primeira viagem do brasileiro aos EUA após tarifaço

Lula na ONU: presidente brasileiro abre a rodada de falas de chefes de Estado (Michael Santiago/AFP)

Lula na ONU: presidente brasileiro abre a rodada de falas de chefes de Estado (Michael Santiago/AFP)

Publicado em 21 de setembro de 2025 às 08h49.

Última atualização em 21 de setembro de 2025 às 08h56.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo, 21, para Nova York, onde fará o discurso de abertura do debate de líderes da 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na próxima terça-feira, 23.

Esta será a primeira viagem de Lula aos Estados Unidos desde que o governo de Donald Trump aplicou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.

Esta será a terceira participação de Lula na Assembleia no atual mandato — quando presidente, ele só não compareceu em 2010, quando enviou o então chanceler Celso Amorim.

O evento é tratado como prioridade na agenda internacional do presidente. Tradicionalmente, o Brasil abre a rodada de falas de chefes de Estado, seguido pelos Estados Unidos, o que aumenta a expectativa sobre a possibilidade de Lula e Donald Trump se cruzarem nos corredores da sede da ONU.

Relação Brasil-EUA

A viagem ocorre no pior momento da relação entre Brasil e Estados Unidos.

O governo americano impôs tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros em represália ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo STF a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Além da sanção econômica, autoridades americanas cassaram vistos de ministros do STF e aplicaram a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, bloqueando contas e transações com entidades sujeitas à lei americana.

Em artigo publicado no New York Times, Lula afirmou que o Brasil “continua aberto a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos”, mas ponderou que “a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”.

O presidente defendeu a decisão histórica do STF, destacando que ela “salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito”, em resposta às alegações de que a condenação de Bolsonaro seria uma “caça às bruxas”.

Agenda internacional de Lula

O presidente viaja acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e outros integrantes da comitiva.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alvo de sanções do governo americano desistiu de ir após restrições sobre suas mobilidade no país e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também resolveu não participar para se dedicar à pauta econômica no Congresso, segundo ele.

Além de apresentar prioridades da política externa brasileira, Lula participará de encontros estratégicos sobre Palestina, democracia e crise climática, preparando o terreno para a COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro.

Palestina

Na segunda-feira, 22, Lula participa da segunda sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e Implementação da Solução de Dois Estados, convocada por França e Arábia Saudita.

O Brasil busca ampliar o reconhecimento internacional da Palestina como Estado — atualmente reconhecida por 147 países. França, Reino Unido, Canadá e Portugal manifestaram interesse em aderir.

Democracia

Na quarta-feira, 24, Lula estará na segunda edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, ao lado dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez.

A iniciativa reúne representantes de cerca de 30 países e tem como objetivo fortalecer a cooperação internacional contra a deterioração das instituições, a desinformação e a desigualdade social.

Crise climática

Também no dia 24, o presidente copresidirá, junto com o secretário-geral da ONU, António Guterres, um evento sobre mudança climática.

A agenda inclui a apresentação de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) e encontros para promover o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado em Belém para financiar a preservação de florestas.

A delegação brasileira participará ainda da Semana do Clima de Nova York, com cerca de 500 eventos simultâneos à Assembleia, que servem como preparação para a COP30.

(Com informações da agência O Globo e Agência Brasil)

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