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Lula deixa prazo vencer, e Alcolumbre promulga o Dia da Amizade Brasil-Israel

Data será celebrada, anualmente, em 12 de abril

Agência o Globo
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Publicado em 25 de junho de 2025 às 19h05.

Última atualização em 25 de junho de 2025 às 19h31.

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), promulgou, nesta quarta-feira, o Dia da Amizade Brasil-Israel, que será comemorado anualmente em 12 de abril. Coube a Alcolumbre, que é judeu, a promulgação da proposta, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter decidido não se manifestar sobre a sanção do projeto, em meio aos conflitos no Oriente Médio.

O texto foi aprovado pelo Congresso em maio deste ano e tinha 15 dias úteis para ser sancionado por Lula. Quando isto ocorre, a promulgação passa a caber ao presidente do Senado.

A data é uma referência ao decreto que criou a representação brasileira em território israelense, em 1951.

Neste mês, o governo brasileiro condenou "com veemência" os ataques militares de Israel e, mais recentemente, dos Estados Unidos, contra instalações nucleares do Irã. Em nota, o Itamaraty disse que israelenses e americanos violam a soberania do Irã e do direito internacional.

"Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica. Ações armadas contra instalações nucleares representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala", disse a nota.

Em seu pronunciamento, Alcolumbre se disse orgulhoso com a promulgação:

— A proposta tramitou na Câmara e no Senado por 12 anos, até ser aprovada de forma unânime neste ano. Ao longo deste tempo, nunca se perdeu a importância desta homenagem. Reconhecer a importância da comunidade judaica no Brasil é reconhecer a importância social e histórica no nosso Brasil. Ressalto que esta celebração também reafirma o compromisso brasileiro com a diplomacia, educação e cultura. Em momentos difíceis da nossa história recente, o Estado de Israel estendeu a mão aos brasileiros, como em Brumadinho. Episódios como este mostram o significado da solidariedade entre as nações. Mais de 10 mil brasileiros vivem em Israel, o que aproxima culturas e sociedades democráticas abertas ao diálogo — disse.

Senadores governistas e de oposição se manifestaram no Plenário, diante da decisão de Lula. Eduardo Girão (Novo-CE) disse que o governo age com "má vontade" em relação ao governo de Israel.

— Existe uma inegável má vontade com Israel. Lamento mesmo que o presidente Lula não tenha sido favorável a esta data tão importante com uma nação irmã. Lula, que estende tapete vermelho para o Nicolás Maduro, age assim em relação a Israel. É um pequeno gesto, mas, que é importante para este povo que sempre construiu a paz com o Brasil. O governo Lula joga na lata do lixo esta história — disse.

Governista, Jaques Wagner (PT-BA), que também é judeu, disse que o fato de Lula não ter promulgado a celebração não implica resistência ao povo de Israel.

— O que o presidente Lula condena são as atrocidades do contexto da guerra, ele não adota nenhum relacionamento com terroristas. Mas, não há qualquer problema com o estado de Israel, ao qual ele sempre visitou e com o qual sempre dialogou. Lula não é um antissemita, mas a postura dele é de paz. Ele condenou a Rússia, quando atacou a Ucrânia, mas em seguida se sentou à mesa de negociação, por exemplo. Eu, que sou judeu, por exemplo, também concordo que Israel exagerou nas respostas nesta guerra, atingindo inocentes e crianças. Lula não sancionou este projeto, mas não há qualquer problema com o nosso povo, por isto. Lula tem vários amigos e assessores judeus, a começar por mim. Não habita qualquer preconceito na cabeça dele — disse.

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