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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.
Madri - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não se pode admitir que "um grupo de países esteja armados até os dentes e outros desarmados".
Washington receberá amanhã e na terça-feira a Cúpula de segurança nuclear, convocada pelo presidente americano, Barack Obama, e à qual devem assistir líderes de 47 países, entre eles Lula.
"Vou perguntar ao presidente Obama qual é o significado de seu recente acordo com Medvedev (Dmitri, o presidente russo) sobre a desativação de ogivas nucleares", afirma o presidente brasileiro em declarações publicadas neste domingo pelo jornal espanhol "El País".
Os Estados Unidos e a Rússia assinaram em 8 de abril um novo tratado de desarmamento, que reduzirá o número de ogivas nucleares em posse de cada país a um máximo de 1.550 e a 800 seus vetores de lançamento, em um prazo de sete anos.
"Desativação de que? Porque desativar o que já estava vencido não faz sentido. Eu tenho em minha casa uma gaveta de remédios vencidos. Ou falamos sério sobre desarmamento ou não podemos admitir que haja um grupo de países armados até os dentes e outros desarmados", afirma o presidente brasileiro, citado pelo "El País".
Lula diz também que o Paquistão "tem bomba atômica, Israel também" e acrescenta que "é compreensível que os que se sintam pressionado por essa situação pensem em criar a sua".
"Não temos direito de colocar ninguém contra a parede, praticar a tática do tudo ou nada", acrescenta.
Neste contexto, o líder brasileiro afirma que explicou a Obama, ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, e à chanceler alemã, Angela Merkel, que "é preciso conversar com o Irã".
"É um grande país, com uma cultura própria, que criou uma civilização. É preciso que os iranianos saibam que podem enriquecer urânio para fins pacíficos e que os demais devem ter tranquilidade de que será para fins pacíficos", matiza.
Para Lula "não se pode partir do preconceito que Ahmadinejad (Mahmoud, o presidente iraniano) é um terrorista e que é preciso isolá-lo".
"Temos de negociar. Quero conversar com ele sobre estes temas até o último minuto. E o único limite à posição do Brasil é com relação às resoluções das Nações Unidas, que meu país cumprirá", conclui. EFE