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Lula critica o Ocidente em cúpula da União Africana

O ex-presidente censurou as Nações Unidas por não concederem a nenhum país africano ou latino-americano um assento permanente em seu Conselho de Segurança

Lula: "nós queremos apenas ser tratados igualmente e dividir a riqueza que está sendo produzida neste mundo"
 (Nelson Almeida/AFP)

Lula: "nós queremos apenas ser tratados igualmente e dividir a riqueza que está sendo produzida neste mundo" (Nelson Almeida/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2011 às 12h03.

Malabo, Guiné Equatorial - Uma crítica arrojada da atitude do Ocidente em relação à África e à América Latina feita pelo ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva provocou aplausos de pé na cúpula da União Africana nesta quinta-feira.

Lula censurou em particular as Nações Unidas por não concederem a nenhum país africano ou latino-americano um assento permanente em seu Conselho de Segurança.

"Não é possível que o continente africano, com 53 países, não tenha uma representação (permanente) no Conselho de Segurança", afirmou.

"Não é possível que a América Latina, com seus 400 milhões de habitantes, não tenha uma representação (permanente), que cinco países decidam o que fazer, como fazer, sem levar em consideração o resto dos seres humanos que vivem neste planeta".

Lula se referia aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Grã-Bretanha, China, França, Rússia e Estados Unidos).

O Brasil, uma potência emergente com um aumento progressivo de influência no cenário mundial, luta há muito tempo por um assento permanente no Conselho de 15 membros.

O conflito na Líbia é um foco da cúpula, que teve início nesta quinta-feira na capital da Guiné Equatorial, Malabo, com críticas à ação da Otan e ao envolvimento do Ocidente na crise líbia.

"Precisamos de uma Organização das Nações Unidas que tenha a coragem de impor um cessar-fogo na Líbia" e imponha negociações entre o presidente Muamar Kadhafi e seus opositores rebeldes, disse Lula.


O Brasil foi um dos cinco países que se abstiveram na votação do Conselho de Segurança da ONU em março sobre a Resolução 1973, que autorizou a utilização de "todos os meios necessários" para proteger os civis das forças de Kadhafi.

Lula também acusou o Ocidente de impor injustamente a países pobres, incluindo europeus, medidas de austeridade após uma crise financeira que, segundo ele, teve suas raízes nos Estados Unidos e na Europa.

"A crise veio dos Estados Unidos, de banqueiros americanos, de especulação financeira nos países mais ricos da Europa. E são os países pobres da África, América Latina e Ásia que vão pagar a conta", afirmou.

Agora as "vítimas pagarão o preço por um crime que não cometeram - isso é o que está acontecendo na Grécia", disse.

O Ocidente foi "incapaz de ver uma África que é composta por seres humanos iguais aos do continente europeu", ressaltou, acrescentando que talvez eles pensem que "nós africanos ou latino-americanos sejamos cidadãos de segunda classe ou porque parecemos com nativos".

"Nós queremos apenas ser tratados igualmente e dividir a riqueza que está sendo produzida neste mundo".

Lula pediu um aumento da integração entre nações africanas e emergentes.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul formam o grupo dos BRICS, que aparece como uma possível contra-força em assuntos internacionais em relação aos países do Ocidente.

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