Luis Tagle: filipino foi ordenado sacerdote em 1982 e tornou-se arcebispo de Manila em 2011 (Franco Origlia/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 3 de maio de 2025 às 10h00.
Um papa asiático? O cardeal filipino Luis Antonio Tagle aparece entre os possíveis substitutos do papa Francisco, de quem era muito próximo e com quem compartilhava a ideia de uma Igreja missionária muito centrada na defesa dos marginalizados.
Tagle tem 67 anos, embora os óculos lhe reduzam em aparência alguns anos. O sorriso sempre pronto também ajuda "Chito", como é conhecido este popular sacerdote entre mais de 90 milhões de fervorosos fiéis em seu país.
Foi ordenado sacerdote em 1982 e tornou-se arcebispo de Manila em 2011, um posto politicamente influente em uma das maiores dioceses da Ásia, onde o catolicismo está em crescimento. Foi nomeado cardeal por Bento XVI em 2012.
O nome de Tagle já soava entre os "papáveis" em 2013, quando Francisco tornou-se o primeiro pontífice latino-americano.
A casa de apostas britânica William Hill o coloca hoje como segundo favorito, atrás do ex-secretário de Estado Pietro Parolin.
"Se eu fosse Deus, não me escolheria para ser bispo ou cardeal", disse em uma entrevista em 2018. "Mas como não sou Deus, Deus vê algo em mim provavelmente que eu não vejo em mim mesmo e só tenho que confiar."
Tagle nasceu em 21 de junho de 1957 em Imus, perto de Manila, em uma família modesta, e passou por várias escolas católicas da capital antes de estudar filosofia e teologia. Também fez doutorado nos Estados Unidos.
Ele era popular em seu país por suas conversas com os fiéis após a missa e por até mesmo convidar moradores de rua para jantar em sua residência.
A adaptação à vida em Roma e às formalidades do Vaticano não foi fácil. Uma vez esqueceu-se de usar o colarinho clerical em uma reunião, e brincava com seus estudantes de teologia dizendo que fazia "os italianos sofrerem" quando falava seu idioma.
Sempre manteve um estreito laço com o papa argentino, que lhe encarregou em 2019 a Congregação para a Evangelização dos Povos, que supervisiona as atividades de difusão do catolicismo no mundo.
Foi depois nomeado pró-prefeito do departamento, quando o papa reformou a congregação em 2022. Ficou responsável pela seção de "Primeira Evangelização e Novas Igrejas Particulares", cuidando de novas dioceses.
Orador eloquente de voz calma, Tagle ri de suas próprias piadas e injeta humor autocrítico em suas homilias. Mas também é conhecido por ser franco.
Como arcebispo de Manila, criticou a violenta guerra contra as drogas conduzida por Rodrigo Duterte, presidente das Filipinas na época.
"Não podemos permitir que a destruição de vidas se torne algo normal. Não podemos governar a nação matando", declarou Tagle em uma carta pastoral em 2017.
O religioso pediu uma Igreja mais humilde e aberta. Em uma cúpula do Vaticano em 2019 sobre combate ao abuso sexual infantil, apontou os escalões superiores da Igreja católica.
"Nossa falta de resposta ao sofrimento das vítimas, e até mesmo ao ponto de rejeitá-las e de encobrir o escândalo para proteger os perpetradores e a instituição (...) tem ferido nosso povo, deixando uma ferida profunda em nosso relacionamento com aqueles que fomos enviados para servir", disse à delegação.
No entanto, foi acusado de não abordar suficientemente o problema nas Filipinas.
Também foi questionado sobre a contratação na República Centro-Africana de um sacerdote belga condenado por abuso infantil na Caritas, organização de caridade do Vaticano liderada por Tagle entre 2015 e 2022.