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Lugo perde apoio e enfrenta processo de impeachment

Em apenas cinco horas, a Câmara dos Deputados aprovou por arrasadora maioria um ''julgamento político''

Lugo, presidente do Paraguai: crise no país gerou uma imediata reação internacional (Getty Images)

Lugo, presidente do Paraguai: crise no país gerou uma imediata reação internacional (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2012 às 17h15.

Assunção - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, enfrenta nesta quinta-feira um processo de impeachment, organizado a toda velocidade pelo Congresso, sob a acusação de mau desempenho de suas funções pela morte de 17 pessoas em uma operação de reintegração de posse em uma fazenda do nordeste do país, perto da fronteira com o Brasil.

Em apenas cinco horas, a Câmara dos Deputados aprovou por arrasadora maioria um ''julgamento político'', o Senado se transformou em ''tribunal'' e fixou um calendário de processo que terminará amanhã, às 16h30 locais (17h30 de Brasília), com a sentença de Lugo.

A crise no Paraguai gerou uma imediata reação internacional: vários presidentes sul-americanos se reuniram no Rio de Janeiro, onde acontece a Rio+20, e a Unasul anunciou o envio imediato de um grupo de chanceleres dos países-membros a Assunção.

O secretário-geral da Unasul, o venezuelano Alí Rodríguez, disse que o bloco ''avalia a possibilidade de aplicar um protocolo contra um golpe de Estado no Paraguai'', que, segundo o presidente da Bolívia, Evo Morales, é o que está sendo planejado contra Lugo. Nesse mesmo sentido se expressaram líderes sem-terra do Paraguai, que anunciaram passeatas em Assunção em defesa de Lugo.

Em sua mensagem à nação após a resolução dos deputados, Lugo disse que vai ''honrar a vontade das urnas'' e evitar que ''mais uma vez na história da República um fato político tire privilégio e soberania da suprema decisão do povo''.

Cercado por alguns de seus ministros e chefes militares, Lugo pediu ao Legislativo que lhe ofereça ''toda a garantia de uma justa e legítima defesa''.


Mas Lugo ficou só em ambas as câmaras do Parlamento depois que seu principal aliado, o Partido Liberal, lhe tirou o apoio e ordenou a renúncia de seus quatro ministros no governo.

Apenas uma deputada esquerdista votou a favor de Lugo na câmara baixa, e três senadores por uma moção que teria concedido uma sobrevida de três dias ao presidente para preparar sua defesa.

De acordo com o regulamento e calendário aprovados pelo Senado, Lugo (ou seus advogados) terá que comparecer amanhã para expor sua defesa em uma sessão extraordinária às 12h (13h de Brasília).

Em seguida, o tribunal resolverá sobre a admissão ou rejeição das provas apresentadas pelas partes. Depois, os promotores e acusado apresentarão suas alegações orais, e às 16h30 (17h30) os senadores emitirão sua sentença inapelável.

Caso seja considerado culpado, Lugo será imediatamente afastado do cargo. Neste caso, quem assumiria de forma interina é o vice-presidente, o liberal Federico Franco, até a realização de eleições gerais, previstas para abril de 2013.

O senador Carlos Filizzola, que perdeu a pasta do Interior devido ao confronto na fazenda de Curuguaty no último dia 15, chamou o processo de ''manobra política para truncar o mandato'' de Lugo, e destacou que ela foi organizada ''de maneira recorde'' na história do Paraguai.


O último presidente do Paraguai que se submeteu e perdeu um ''julgamento político'' foi Raúl Cubas, cassado em 1999 durante o violento ''março paraguaio''.

O liberal Luis Alberto Wagner, apesar de ter reafirmado a decisão de seu partido de abandonar Lugo, advertiu que ''qualquer pressa e tentativa de golpe e para definir o impeachment do presidente sofrerá uma condenação não só nacional, mas também internacional''.

Em um breve comunicado, as Forças Armadas asseguraram que ''se mantêm dentro de sua função específica que lhe é conferida pela Constituição e as leis, respeitando a ordem constitucional e democrática vigente''. EFE

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