Lugo: "Foi um golpe à democracia e às instituições" (©AFP / Norberto Duarte)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2012 às 13h15.
Brasília - O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo afirmou que a OEA deveria excluir seu país dessa organização pan-americana por causa do "golpe" que supôs sua destituição, que, segundo o político, foi desenvolvida em um processo "amanhado" pelo Congresso.
"Foi um golpe à democracia e às instituições", declara Lugo em uma entrevista publicada nesta terça-feira pelo jornal "Correio Brasiliense". Nesta, o ex-presidente paraguaio compara seu caso com o de Manuel Zelaya, destituído da presidência de Honduras em junho de 2009.
"Não há muita diferença com o que ocorreu em Honduras", acrescenta Lugo, que nesta segunda se reuniu em Assunção com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, que lidera uma missão para avaliar a situação política no Paraguai.
O ex-bispo, por sua vez, reitera que sua destituição no último dia 22 de junho foi produto de um processo "sumário" em que foram ignorados seus direitos "humanos", "cívicos" e "constitucionais".
Segundo Lugo, esse processo supõe um "retrocesso" para a democracia no Paraguai e em toda a região sul-americana, que agora deverá ser fortalecida pelos países "com maior tradição republicana", caso do Uruguai, Chile, Argentina e Brasil.
O ex-governante também expressou seu apoio à entrada da Venezuela no Mercosul, uma medida que foi aprovada na última semana na cúpula realizada na cidade argentina de Mendoza. Essa decisão foi anunciada depois que o bloco optou pela suspensão do Paraguai.
"Sempre disse que é preciso ampliar os mercados do Mercosul e que a entrada da Venezuela enriqueceria ainda ao bloco", acrescenta Lugo, que aponta que essa ampliação fortalece o caminho para "uma maior integração" entre os países da América Latina.
Perguntado sobre possíveis erros durante sua gestão, Lugo disse que se arrepende de "muitas coisas", embora prefira não citar nenhuma especificamente.
"Todos os dias peço perdão. Não existe um processo puro e nem um chefe de Estado perfeito. Todos estão sujeitos ao erro, mas a história nos julgará e nos condenará pelo que fizemos e pelo que deixamos de fazer", declara.