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Lufthansa não informou sobre transtornos de copiloto

Lufthansa, companhia aérea matriz da Germanwings, estava obrigada a comunicar casos graves, como uma depressão a autoridades aéreas


	Local do acidente com o airbus: copiloto supostamente derrubou o avião deliberadamente
 (Reuters)

Local do acidente com o airbus: copiloto supostamente derrubou o avião deliberadamente (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2015 às 16h32.

Berlim, 5 abr (EFE).- A companhia aérea alemã Lufthansa não informou às autoridades de tráfego aéreo sobre os transtornos psíquicos de Andreas Lubitz, o copiloto que supostamente provocou de forma deliberada a queda do Airbus de Germanwings com 150 pessoas a bordo.

A informação é do jornal 'Die Welt', que se baseia em fontes do Departamento de Tráfego Aéreo (LBA) e nas atas médicas do copiloto, que em 2009 retomou sua formação na escola da Lufthansa após aparentemente ter superado uma depressão grave.

'Não é certo que o LBA estivesse informado da situação médica do caso L.', declarou ao jornal uma fonte desse organismo.

De acordo com essa versão, o LBA teve acesso às atas médicas do Aeromedical Center da Lufthansa somente em 27 de março, três dias depois da tragédia do voo 4U 9525 que tinha partido de Barcelona com destino a Düsseldorf.

O jornal lembra que a Lufthansa, companhia aérea matriz da Germanwings, estava obrigada a comunicar casos graves, como uma depressão, em razão de uma legislação vigente desde 2013.

A companhia aérea respondeu a estas revelações em um breve comunicado onde afirmou que se ateve a suas obrigações de informar a esse departamento e evitou entrar em detalhes sobre o caso de Lubitz por estar sujeita às investigações da procuradoria.

Desde 2009, momento em que retomou sua formação como piloto após um tratamento de vários meses contra a depressão, Lubitz passou por seis revisões, nas quais se certificou que estava apto para pilotar.

Por sua parte, o jornal 'Bild' informa hoje que a maioria dos pilotos que sofre depressão oculta esse fato, fazendo referência a um relatório do diretor do departamento médico da Organização Civil Internacional da Aviação (ICAO, na sigla em inglês), Anthony Evans.

Esse estudo, de novembro de 2013, reflete a existência de sérios déficits no acompanhamento da saúde mental dos pilotos.

Aproximadamente 60% dos pilotos que sofre algum tipo de depressão decide voar sem comunicar a situação, segundo concluiu o estudo, baseado em 1.200 casos de profissionais do setor com esse diagnóstico.

Além disso, 15% deles decide tratar-se em segredo, com remédios que conseguem por seus próprios meios, e apenas 25% declara a seu empregador que realiza esses tratamentos.

A procuradoria de Düsseldorf, que investiga o caso, revelou que Lubitz tinha recebido, antes de obter sua licença como piloto, tratamento por 'tendências suicidas'.

Ao realizar buscas em suas casas - a sua própria, em Düsseldorf, e a de seus pais, na cidade de Montabaur, no oeste da Alemanha -, se descobriu que estava em tratamento e que tinha uma licença médica para o dia da catástrofe, que ocultou da Germanwings.

Segundo a investigação em curso, Lubitz tinha estado buscando na internet métodos para suicidar-se até a véspera da tragédia, que supostamente provocou de forma deliberada após ficar sozinho na cabine de voo, aproveitando uma ausência do capitão e impedir depois que este voltasse a entrar bloqueando a porta.

Após ficar sozinho, Lubitz acionou o piloto automático para iniciar o descenso e posteriormente o modificou a fim de aumentar a velocidade até cair.

O 'Bild' revela, além disso, que o copiloto tinha se registrado para fazer suas buscas na internet com o nome de usuário 'Skydevil' ('Demônio do céu'). EFE

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