Mundo

Longo caminho de Mandela se aproxima do fim

Corpo do líder chegou na casa de seus ancestrais nas colinas do Cabo Oriental, na África do Sul

Sul-africanos prestam últimas homenagens na porta da casa de Nelson Mandela, depositando flores, tirando fotografias, colando cartazes, com mensagens de carinho ao líder (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Sul-africanos prestam últimas homenagens na porta da casa de Nelson Mandela, depositando flores, tirando fotografias, colando cartazes, com mensagens de carinho ao líder (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2013 às 15h27.

Qunu - O corpo de Nelson Mandela chegou neste sábado na casa de seus ancestrais nas colinas do Cabo Oriental, na África do Sul, e foi saudado por cantos e danças dos habitantes locais antes do funeral do líder anti-apartheid no dia seguinte.

À medida que o carro fúnebre levando os restos mortais do primeiro presidente negro da África do Sul surgia no horizonte, multidões às margens da estrada começaram a cantar "Nkosi Sikelel iAfrika" (Deus abençoe a África), o hino nacional adotado pelo país após o fim do apartheid em 1994.

"Estou muito animada e ao mesmo tempo muito magoada porque estou vendo ele pela última vez", disse Victoria Ntsingo, em meio a barulhos dos helicópteros militares escoltando o cortejo.

"Depois de sua longa vida e doença, que ele agora possa descansar. Madiba está em casa. Seu trabalho está feito", disse Ntsingo, se referindo a Mandela por seu nome de clã.

Mandela, que morreu no dia 5 de dezembro aos 95 anos, será enterrado na propriedade de sua família após um funeral de Estado no domingo, que combinará pompa militar e rituais tradicionais do clã Xhosa abaThembu.

A cerimônia terá a participação de membros da família, líderes nacionais e convidados estrangeiros, incluindo o príncipe britânico Charles e o ativista norte-americano dos direitos civis, reverendo Jessie Jackson.


Será o ato final de dez dias de luto para o "Pai da Nação", que enfrentou 27 anos de prisão antes de voltar ao cenário político e pregar o perdão e a reconciliação na busca da construção de uma democracia multirracial após o apartheid.

No entanto, em um reflexo das tensões presentes no complicado tecido social pós-apartheid da África do Sul, há indicativos de que a paz reinante em Qunu, aldeia de poucas centenas de casas a 700 km ao sul de Johanesburgo, não se repete em toda a extensão do país de 53 milhões de habitantes.

O arcebispo emérito sul-africano Desmond Tutu, um dos líderes da luta contra a segregação racial, enquanto Mandela estava na prisão, disse que não havia sido convidado para o funeral de 'Tata', usando o termo afetivo que na língua Xhosa significa 'pai'.

"Por mais que eu fosse adorar comparecer à cerimônia para dar meu último adeus a alguém que amei e valorizei, teria sido desrespeitoso com Tata entrar sem convite no que foi informado ser um funeral particular", disse, "Se eu, ou meu escritório, tivéssemos sido informados de que eu seria bem-vindo, não perderia por nada no mundo", disse Tutu, cuja instável relação com o Congresso Nacional Africano (CNA) piorou na última década.

O ministro da Presidência, Collins Chabane, confirmou que nenhum convite específico foi enviado para Tutu, mas disse que a autorização que o religioso recebeu em um memorial na terça-feira o teria permitido, em princípio, a participar do evento em Qunu.

"Nós gostaríamos de reiterar que qualquer pessoa que queira participar do funeral é bem-vinda a fazê-lo", disse Chabane.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaÁfrica do SulMortesNelson MandelaPolíticos

Mais de Mundo

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia

Irã manterá diálogos sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido