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Longe de ser fechada, prisão de Guantánamo passa por modernização

Situada em Cuba, nos últimos anos a prisão chegou perto de fechar suas portas, mas um investimento do Congresso americano vai mudar essa realidade

Guantánamo: o Pentágono destinou uma verba de US$ 68,96 milhões para a construção de um novo presídio de alta segurança (Bob Strong/Files/Reuters)

Guantánamo: o Pentágono destinou uma verba de US$ 68,96 milhões para a construção de um novo presídio de alta segurança (Bob Strong/Files/Reuters)

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EFE

Publicado em 5 de março de 2018 às 07h17.

Washington - Ficaram para trás os tempos em que a prisão de Guantánamo parecia viver os seus últimos dias. A mudança de governo nos Estados Unidos, há pouco mais de um ano, deu uma sobrevida à polêmica penitenciária que agora, em vez encarar a demolição, recebe recursos para a modernização das instalações.

Na recente solicitação orçamentária, que ainda deve ser aprovada pelo Congresso americano, o Pentágono destinou uma verba de US$ 68,96 milhões para a construção de um novo presídio de alta segurança nesta base, situada em Cuba.

A função desta nova infraestrutura será substituir a prisão de segurança máxima que as autoridades mantêm no campo 7 da base, da qual se sabe muito pouco, apenas que entre os seus reclusos estão alguns dos supostos líderes dos atentados de 11 de setembro de 2001.

"Existe uma proposta para construir um centro de detenção de alto valor, já que o atual está em estado de deterioração. Foi destinada uma verba no orçamento de 2019 do Exército para o seu planejamento e projeto", reconheceu à Agência Efe a comandante Sarah Higgins, porta-voz do Departamento de Defesa.

Essa decisão parece enterrar definitivamente um dos grandes desejos do ex-presidente Barack Obama: fechar as instalações que desde que foram inauguradas são criticadas.

"Manter estas instalações abertas vai contra os nossos valores e prejudica nossa posição perante o mundo. É vista como uma mancha em nosso amplo expediente do mais alto respeito às leis", insistiu Obama no início de seu último ano de mandato, em fevereiro de 2016.

No entanto, quase dois anos depois, o seu sucessor no cargo, Donald Trump, deu um giro de 180 graus na postura oficial da Casa Branca ao fazer uma ferrenha defesa de Guantánamo durante o seu discurso sobre o Estado da União.

"No passado libertamos tontamente centenas de perigosos terroristas e depois os encontramos de novo no campo de batalha. Acabo de assinar uma ordem pedindo ao secretário de Defesa, Jim Mattis, para reavaliar nossa política de detenção militar e manter aberto o centro de detenção da baía de Guantánamo", disse Trump.

O auge do jihadismo no início do século, e em particular os atentados de 11 de setembro, foi o principal motivo que levou o então presidente George W. Bush a habilitar esse presídio, pelo qual oficialmente passaram 779 reclusos e que na atualmente abriga 41 réus.

O chamado Campo X-Ray, ao qual chegaram os primeiros detidos naquela época, era composto por celas de apenas um metro e meio quadrado, coladas umas às outras, e com a única proteção de um teto precário cuja "virtude" era fazer sombra.

Apesar da clara deterioração em algumas instalações, fontes do Pentágono consultadas pela Efe disseram ter se surpreendido com o projeto da nova prisão e asseguraram que, de qualquer forma, a construção não se devia a nenhuma diretriz específica por parte da Casa Branca.

O novo presídio incluirá uma série de "caraterísticas de segurança máxima de acordo com a detenção de terroristas", afirma o documento no qual se detalham os custos do projeto.

Entre as caraterísticas se encontram o uso de "alicerces especiais, medidas de cibersegurança e um sistema de energia redundante", para as quais será necessário transportar os materiais requeridos dos EUA até a ilha.

"Se este projeto não for realizado, os detidos continuarão hospedados em instalações que se degradarão até o ponto de não cumprirem com as exigências sanitárias e de segurança", detalha o projeto.

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