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Londres sai de bloqueio pior do que grande parte do Reino Unido

A cidade responde por um quarto da produção do Reino Unido e foi responsável por quase 30% da queda nos salários de todo o país no ano passado

A pandemia que atingiu a capital inglesa com mais força do que outras regiões (Peter Nicholls/Reuters)

A pandemia que atingiu a capital inglesa com mais força do que outras regiões (Peter Nicholls/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 5 de maio de 2021 às 21h00.

Londres está saindo de um lockdown sob impacto do Brexit e de uma pandemia que atingiu a capital do Reino Unido com mais força do que outras regiões, levantando questões sobre sua capacidade de impulsionar a recuperação econômica do país. A cidade responde por um quarto da produção do Reino Unido e foi responsável por quase 30% da queda nos salários de todo o país no ano passado, segundo dados oficiais. As pessoas estão se mudando para os subúrbios e outros lugares em busca de espaço, e a saída do Reino Unido da União Europeia está minando empregos com altos salários no setor financeiro.

Esses são apenas alguns dos ventos contrários que a maior cidade da Europa enfrenta à medida que o primeiro-ministro Boris Johnson afrouxa as regras que paralisaram grande parte da economia. Com muitas restrições definidas para permanecer até o final de junho, Londres está começando a lidar com tendências de longo prazo corroendo seus recursos, como trabalho remoto e controles de fronteira mais rígidos por causa do Brexit e do vírus.

Londres perdeu mais de 230 mil empregos formais desde o início da pandemia (HM Revenue and Customs)

“Se Londres tivesse dificuldades e eu fosse o governo nacional, ficaria profundamente preocupado”, disse Andrew Carter, presidente-executivo do Centre for Cities, um grupo de pesquisa apartidário.

Enquanto Nova York está voltando à vida, grande parte de Londres permanece paralisada. Funcionários que trabalham em escritórios foram orientados a permanecer em casa até 21 de junho, deixando eventos e casas noturnas fora de funcionamento. Os migrantes que trabalhavam na outrora florescente indústria de turismo partiram aos milhares, e as novas regras de visto após o Brexit dificultarão o retorno de muitos deles.

O distrito financeiro também está sofrendo com o Brexit, que acabou com o direito automático dos bancos de fazer negócios no continente. Mais de 440 empresas financeiras transferiram algumas de suas operações para a UE, resultando em cerca de 7.400 mudanças de empregos e uma transferência de ativos de 900 bilhões de libras (US$ 1,2 trilhão).

Esses fatores pesarão no mandato do próximo prefeito, que deve reviver uma economia abalada e trazer um sistema de transporte de volta à vida com incerteza sobre quantos funcionários de escritório permanecerão em casa e por quantos dias da semana.

O prefeito em exercício, Sadiq Khan, do Partido Trabalhista, enfrenta um oponente do Partido Conservador, o Shaun Bailey, na eleição marcada para 6 de maio, enquanto cerca de um em cada sete funcionários em Londres -- muitos deles nos setores de hotelaria e varejo -- contam com subsídios governamentais.

Mesmo após o fim das medidas de restrição, muitos continuarão dividindo o tempo entre a casa e o escritório. Metade das empresas planeja continuar trabalhando remotamente de alguma forma e um terço pretende voltar com espaço físico reduzido, segundo pesquisa da Câmara de Comércio e Indústria de Londres.

Alugueis residenciais caíram em todos os lugares, exceto em alguns bairros periféricos de Londres (Zoopla Rental Index)

Enquanto isso, muitos trabalhadores migrantes voltaram ao seu país de origem em meio à pandemia. As regras de imigração pós-Brexit indicam que eles terão mais dificuldade para retornar a Londres.

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