Oxford Street, em Londres. REUTERS/Peter Nicholls/File Photo (Peter Nicholls/Reuters)
A Autoridade de Transporte Urbano de Londres proibiu qualquer propaganda do Catar em ônibus, táxis e metrô por causa das posições do país árabe sobre direitos LGBT+ e do tratamento aos trabalhadores migrantes. Como retaliação, Catar começou uma revisão de seus investimentos na capital britânica.
O Catar veiculou uma campanha publicitária turística no Reino Unido antes da Copa do Mundo, especialmente em Londres, pois quer usar o torneio para promover o país internacionalmente.
Já em 2019, o prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu à Autoridade de Transporte Urbano que revisasse as autorizações para propaganda e o patrocínio de países com leis anti-LGBT+. Isso levou à suspensão de novos anúncios de 11 países, incluindo Catar, Paquistão, Brunei e Arábia Saudita.
A Autoridade londrina admitiu que “alguns” anúncios do Catar foram veiculados na rede desde então. A proibição total só ocorreu essa semana após protestos de times europeus na Copa do Mundo que foram impedidos de usar braçadeiras em apoio aos direitos LGBT+.
Em resposta, o Catar informou que “revendo seus investimentos atuais e futuros” em Londres e “considerando oportunidades de investimento em outras cidades do Reino Unido e outros países”.
Segundo o governo do país árabe, a proibição da propaganda “foi interpretada como uma mensagem do gabinete do prefeito de que os negócios do Catar não são bem-vindos em Londres”.
"Esse é outro exemplo flagrante de dupla moral e sinalização de virtude para marcar pontos políticos baratos na Copa do Mundo do Catar”, informaram autoridades do país árabe, que lembrou como a autoridade de transporte de Londres, "aceita propaganda dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita e tem vários interesses comerciais na China, mas não há sinalização de que esses acordos serão cancelados”.
Ainda não foi calculado o impacto econômico que essa retaliação do Catar pode ter sobre a economia de Londres e do Reino Unido. Nas últimas duas décadas, o Catar tornou-se um dos maiores investidores em Londres por meio de seu fundo soberano de US$ 450 bilhões.
A Qatar Investment Authority é proprietária da loja de departamento Harrods, o icônico edifício Shard e é co-proprietária da Canary Wharf. O estado do Golfo também possui o Chelsea Barracks, os hotéis Savoy e Grosvenor House e uma participação de 20% no aeroporto de Heathrow.
Em maio, o Catar tinha anunciado um investimento de 10 bilhões de libras em cinco anos no Reino Unido através do fundo soberano es setores de tecnologia, saúde, infraestrutura e energia limpa.
Além disso, o Reino Unido procurou garantir o fornecimento de gás do Catar após a crise energética desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. O país árabe é o maior exportador mundial de gás natural liquefeito, e atualmente é um importante fornecedor de energia para os britânicos.
A seleção do Catar se tornou a primeira equipe a sair do torneio, tendo disputado apenas duas partidas.