Londres: a investigação se concentra em entender a motivação do autor do atentado (Neil Hall/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de março de 2017 às 16h15.
A polícia britânica anunciou nesta sexta-feira três novas detenções relacionadas ao atentado desta quarta-feira em Londres e divulgou a primeira foto do autor, Khalid Masood, cujo verdadeiro nome era Adrian Russell Ajao.
Mark Rowley, comandante da unidade antiterrorista da Scotland Yard, afirmou que "foram realizadas mais duas detenções significativas durante a noite" e que nove pessoas continuam em detenção preventiva.
Mais tarde, anunciou a detenção de mais uma pessoa em Manchester relacionada ao atentado que deixou 4 mortos, além do autor, e 50 feridos.
No total, até esta sexta-feira a polícia havia detido 11 pessoas de 21 a 58 anos, sete homens e quatro mulheres, mas uma das mulheres foi libertada sob fiança.
Até agora, só haviam sido divulgadas fotos do agressorneutralizado por vários policiais, ou ferido, na maca, cercado de médicos, onde não era possível observar com precisão seu rosto.
Na foto divulgada nesta sexta-feira ele aparece de frente, e são confirmados traço físicos que já haviam sido observados: calvo e com barba, pele morena, olhos escuros, mandíbula proeminente.
A investigação se concentra em entender a motivação do autor do atentado, morto pela polícia, e a preparação do ato, que também deixou 50 feridos, dois deles em estado crítico e outro entre a vida e a morte.
"Queremos saber se agiu absolutamente sozinho, inspirado por propaganda terrorista, ou se recebeu ajuda de outros", afirmou Rowley, antes de pedir a ajuda da população.
O autor do ataque, Masood, tinha 52 anos - uma idade considerada elevada neste tipo de atentado. Ele nasceu no dia 25 de dezembro de 1964 no condado de Kent, sudeste do país. A mudança de nome indica a conversão ao islã.
A imprensa britânica informou que ele trabalhou como professor na Arábia Saudita, na década passada, quando se radicalizou, antes de retornar ao Reino Unido em 2009.
Masood/Russell "não era objeto de nenhuma investigação" e os "serviços de inteligência não possuíam elementos sobre sua intenção de executar um atentado terrorista", informou a Scotland Yard.
O deputado Dominic Grieve, presidente da Comissão Parlamentar sobre Inteligência e Segurança, declarou à BBC que as forças de segurança desbarataram uma dezena de projetos de atentados nos últimos 18 meses no Reino Unido e que era "um milagre" que o ataque não tenha acontecido antes.
Masood cresceu em Rye, Kent. Desde junho do ano passado morava em Birmingham com a mulher e os filhos, de acordo com vizinhos que o descreveram como "muito religioso".
Ele teve muitos problemas com a lei e tinha várias condenações por agressões e delitos de distúrbios públicos, mas não de terrorismo, segundo a polícia.
Sua última condenação aconteceu em dezembro de 2003 por posse de arma branca.
"Há alguns anos foi objeto de uma investigação do MI5", o serviço britânico de inteligência interna, relacionada ao "extremismo violento", afirmou na quinta-feira a primeira-ministra Theresa May no Parlamento, antes de explicar Masood era "um personagem secundário" naquele caso.
Horas antes de cometer o atentado, o indivíduo passou por um hotel de Brighton, na costa sul da Inglaterra, segundo o gerente do estabelecimento.
"Era muito simpático, sorria com os funcionários. É assustador. Agora não sabemos mais quem são os bons e quem são os maus", afirmou Sabeur Toumihere ao canal Sky News.
A polícia compareceu ao hotel depois de encontrar uma nota fiscal do estabelecimento no carro alugado que Masood utilizou para atropelar os pedestres na Ponte de Westminster.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou o atentado na quinta-feira. O ataque de Londres aconteceu no dia em que os atentados que deixaram 32 mortos em Bruxelas completaram um ano.
Todas as avenidas ao redor do Parlamento, centro turístico da capital britânica, estavam abertas ao trânsito nesta sexta-feira. Mas as autoridades reforçarão a segurança em Londres, cujas ruas em breve serão patrulhadas pelo dobro de policiais armados que agora.