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Lobão reserva o termo "apagão" para algo mais sério, diz Economist

Publicação ironiza declaração do ministro de Minas e Energia sobre apagão no NE e alerta: sem melhorias, brasileiros vão ter que se acostumar com falta de luz

Para Edson Lobão, apagão no Nordeste foi uma "interrupção temporária de energia".  (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

Para Edson Lobão, apagão no Nordeste foi uma "interrupção temporária de energia". (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 16h43.

São Paulo - A tentativa de Edson Lobão de minimizar a falta de luz que deixou o Nordeste no escuro por quase quatro horas na última sexta-feira (4) não convenceu nem os veículos de comunicação estrangeiros. Em ironia à declaração do ministro - de que não se tratava de um "apagão" e, sim, de uma "interrupção temporária" no fornecimento de luz - a revista britânica The Economist afirmou que Lobão está reservando a palavra "apagão" (no original, "blackout") para algo mais sério.

Publicada nesta quinta (10), a reportagem online "Don´t mention the B-word" diz que o cenário energético brasileiro corre risco de piorar frente a um aumento crescente na demanda que não é acompanhado por um reforço na segurança no sistema.

Para o semanário, a construção de novas usinas, a exemplo de Belo Monte, no Norte do país, pode gerar novos problemas, já que serão necessária linhas de distribuição e transmissão, que "são difíceis de manter”, para abastecer o Sul e Sudeste.

A dependência de hidrelétricas da região amazônica, segundo o texto, também deixaria o país vulnerável a eventuais períodos de baixa nos rios da região. A reportagem destaca ainda que, diante do crescimento econômico, o governo brasileiro estaria determinado a evitar disparidades entre oferta e demanda de energia elétrica, como aconteceu entre 2001 e 2002, período de racionamento energético, "depois de décadas de pouco investimento, seguidas de secas".

Energia que custa caro

Segundo o periódico, o custo da energia no Brasil é dois terço maior do que nos Estados Unidos. E a tendência é de alta, já que se prevê uma aumento na demanda de 5% por ano na próxima década. Aumento esse, em grande medida, motivado pela classe C ascendente, que não poupa na compra de eletrodomésticos.

A tensão no setor já está se revelando, diz o texto. "Em 2010, o Brasil sofreu 91 apagões, contra 48 em 2008. Um deles aconteceu durante uma visita da The Economist a um laboratório de pesquisa da Petrobras, no Rio de Janeiro. Segundo o chefe do laboratório, ele têm acontecido pelo menos uma vez por semana neste verão". Em conclusão, a reportagem faz previsões pouco otimistas para o setor energético. "Os brasileiros podem ter que se acostumar às interrupções temporárias cada vez que ligam seus aparelhos de ar condicionado", conclui.

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