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Lista só de mulheres concorrerá às eleições palestinas

Maysun Kawasmi, de 43 anos e mãe de cinco filhos, lidera a legenda denominada ''Participando Podemos''


	O grupo apresenta 11 candidatas independentes
 (Shah Marai/AFP)

O grupo apresenta 11 candidatas independentes (Shah Marai/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2012 às 20h27.

Hebron (Cisjordânia) - Um grupo de 11 mulheres profissionais de Hebron, liderado por uma jornalista, apresentará pela primeira vez uma lista exclusivamente feminina em Hebron para as próximas eleições municipais que serão realizadas em outubro.

Coberta com um colorido ''hijab'' - o lenço com que as muçulmanas cobrem seu cabelo -, Maysun Kawasmi, de 43 anos e mãe de cinco filhos, lidera a legenda denominada ''Participando Podemos'' que concorre a este pleito, o primeiro desde 1976 para o Conselho Municipal de Hebron, uma cidade tradicionalmente conservadora.

''Sou um membro ativo em minha sociedade que deseja servir ao povo. Portanto, devo contar com a oportunidade de poder fazê-lo através das eleições municipais'', expressa à Efe com a confiança que lhe permite criticar da mesma maneira o atual sistema de cotas ou assentos destinados às mulheres, segundo a Lei Básica palestina.

''As mulheres não devem se conformar com o que os homens decidem sobre elas. Vemos como as que foram escolhidas através do sistema de cotas nunca foram capazes de ter um impacto em sua comunidade'', lamenta.

Com o novo grupo com o qual aspira a conseguir pelo menos três das 15 cadeiras nas eleições municipais que serão realizadas em toda a Cisjordânia no dia 20 de outubro, Kawasmi concorre como uma alternativa a outras legendas que não têm em agenda assuntos relacionados com a mulher.

O grupo, que apresenta 11 candidatas independentes entre as quais se encontram Liana Abu Eishe e Ivin el Jaabari, no caso de conseguir o apoio do eleitorado, tem em mente se unir para integrar um partido político oficial.

O ''Participando podemos'' está consciente dos desafios que tem que enfrentar com uma candidatura exclusivamente feminina em uma sociedade majoritariamente muçulmana onde o homem desempenha um papel predominante.

''Precisamos de pelo menos cinco cadeiras no conselho para poder conseguir uma mudança. Eu ficaria encantada em me tornar prefeita, mas chegando a este ponto me contentaria se alguma de nós conseguir uma cadeira '', diz Kawasmi.


Jornalista da agência oficial da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Wafa, também mantém reuniões para reforçar a liderança da mulher palestina na Cisjordânia.

Sobre seus planos uma vez na política ativa, pensa ''encorajar os jovens e as mulheres a se envolver no esporte sem ter de pagar elevadas somas pelo uso de instalações esportivas''.

Um de seus planos é criar o primeiro time de futebol feminino de Hebron, iniciativa, diz, que já colheu várias críticas por parte dos homens.

Ao se referir à classe política palestina acredita que ''alguns prefeitos preferem permanecer sentados em suas poltronas e ignorar o povo na rua'', uma situação que em caso de ser eleita pretende mudar radicalmente e trabalhar para esse povo.

Sobre seu programa eleitoral, ela adianta que não conta com uma varinha mágica para ''acabar com a ocupação nem tirar os colonos do centro de Hebron'', pois defende que ''essas são questões políticas''.

No tocante aos assuntos municipais, aspira a que todas as crianças possam estudar ao mesmo tempo nas escolas e acabar com a atual saturação de alunos que obrigava muitos centros a dar aulas em diferentes turnos durante o dia.

Outra de suas promessas é dialogar com todas as partes competentes para que todos os moradores tenham acesso à água corrente.

No intrincado mundo de clãs familiares declara contar com o apoio de quatro grandes famílias e assegura que o eleitor de Hebron está cansado da divisão interna entre os partidos rivais Fatah e Hamas.

Em Hebron há 59 mil eleitores registrados, dos quais Kawasmi aspira obter a confiança de 20 mil.

Apesar de seu bloco ser único em sua composição, as mulheres contam com um longo histórico de presença na política palestina. Seis delas ostentam cargos de ministro no Governo da ANP na Cisjordânia, liderado por Salam Fayyad, e no Conselho Legislativo Palestino (Parlamento) ocupam 17 das 132 cadeiras. 

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