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Linha para denunciar abusos no futebol inglês recebe 860 ligações

Nas últimas semanas, mais de 20 ex-jogadores denunciaram os abusos sexuais que sofreram por técnicos ou funcionários de seus clubes

Denúncias: A linha, ativa 24 horas ao dia, recebeu 50 ligacões em suas duas primeiras horas e cerca de 900 chamadas entre 23 e 29 de novembro (foto/Getty Images)

Denúncias: A linha, ativa 24 horas ao dia, recebeu 50 ligacões em suas duas primeiras horas e cerca de 900 chamadas entre 23 e 29 de novembro (foto/Getty Images)

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EFE

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 12h57.

Última atualização em 1 de dezembro de 2016 às 12h58.

Londres - A linha telefônica aberta para denunciar abusos sexuais no futebol inglês recebeu 860 ligações na primeira semana ativa, informou nesta quinta-feira a Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade às Crianças (NSPCC).

Nas últimas semanas, mais de 20 ex-jogadores ingleses afirmaram ter sofrido abusos sexuais no início de suas carreiras por seus treinadores ou outros funcionários dos clubes.

A linha, ativa 24 horas ao dia e administrada pela NSPCC, conta com o apoio e o financiamento da Federação Inglesa de Futebol (FA), e recebeu 50 ligacões em suas duas primeiras horas e cerca de 900 chamadas entre 23 e 29 de novembro.

Segundo a NSPCC, se trata um número três vezes maior que o de ligações recebidas nos primeiros três dias após a revelação do caso de Jimmy Savile, o maior escândalo de pedofilia no Reino Unido. O já falecido apresentador da "BBC" abusou de mais de 200 crianças e adultos durante mais de 50 anos.

"Houve um aumento impressionante no número de denúncias, o que revela os preocupantes níveis de abuso sexual que existiram no esporte", afirmou Peter Wanless, diretor-executivo da NSPCC.

"A quantidade de jogadores que tiveram coragem para falar de suas duras experiências chamou a atenção de todo o país", acrescentou Wanless.

O diretor da organização deixou claro que qualquer jogador ou ex-jogador que queira entrar em contato com a NSPCC pode fazê-lo "com confiança, sabendo que será sempre ouvido e apoiado".

"No futuro, os jogadores terão a confiança de poder falar abertamente sobre abuso sexual", expicou o Wanless.

O último ex-jogador a admitir que foi abusado sexualmente por seu treinador foi David Eatock, de 40 anos, ex-Newcastle.

Eatock acusou George Ormond, seu técnico quando jogava nas categorias de base, que já cumpriu seis anos de prisão após ser declarado culpado de cometer várias agressões sexuais a menores.

O jogador inglês chegou ao Newcastle em 1995, aos 18 anos, para jogar no time reserva, mas uma lesão de joelho o obrigou a deixar o futebol três anos depois.

"Era adulto, mas, na realidade, era só um menino. Quando cheguei passava muito tempo sozinho e ele me levava, muitas vezes, aos bares, onde me dava um gole após outro. Eu pensava que os jogadores faziam essas coisas", comentou.

"Um dia começou falar de sexo e fez comentários sobre meu pênis. Ele se convidou a ir à minha casa e assim que chegamos tirou as calças e começou a se masturbar. Isto ocorria uma vez por mês, aproximadamente: me levava a um bar, me embebedava e falava de sexo e do meu pênis", relatou Eatock.

Ormond, que foi condenado a seis anos de prisão em 2002 após ter sido declarado culpado de cometer várias agressões sexuais a menores, já foi acusado de abusos por outro antigo jogador do Newcastle, Derek Bell.

A Polícia Metropolitana de Londres (MET), a Greater Manchester Police, a North Wales Police e Police Scotland, entre outros corpos policiais britânicos, estão investigando as acusações de abuso e violação contra jovens jogadores.

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