Líder do Hezbollah: a medida gera mais preocupação de que as divisões cada vez mais profundas entre os países árabes aumente a pressão sobre o Hezbollah (Khalil Hassan/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2016 às 17h31.
Cairo - A Liga Árabe definiu formalmente o grupo militante xiita libanês Hezbollah como uma organização terrorista.
A medida gera mais preocupação de que as divisões cada vez mais profundas entre os países árabes aumente a pressão sobre o Hezbollah, que luta ao lado do presidente Bashar al-Assad na Síria.
A decisão foi tomada durante uma reunião de ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe no Cairo, informou a agência estatal Mena, e vem um dia após a Liga Árabe eleger o veterano diplomata egípcio Ahmed Aboul-Gheit como seu novo chefe.
A medida alinha a Liga Árabe ao lado da Arábia Saudita e do bloco de seis nações comandado pelos sauditas no Golfo Pérsico. Os países do Golfo haviam adotado a mesma classificação formal contra o Hezbollah em 2 de março.
Além disso, os Estados Unidos adotam a mesma posição. A União Europeia, por sua vez, coloca apenas a ala militar do Hezbollah em sua lista de entidades terroristas.
No Cairo, o embaixador saudita Ahmed Qattan disse à emissora Al Arabiya que a votação não foi unânime e que Líbano e Iraque se abstiveram. Mais cedo, uma delegação saudita deixou uma reunião da Liga Árabe em protesto, após o ministro das Relações Exteriores iraquiano, Ibrahim al-Jaafari, qualificar o Hezbollah e as milícias xiitas como "movimentos de resistência".
A decisão da Liga Árabe é um revés significativo para o Hezbollah e deve agravar as tensões no Líbano, minando o delicado equilíbrio político em meio aos duros confrontos políticos entre os grupos leais ao Hezbollah e as facções apoiadas pelos sauditas.
A decisão da Liga Árabe também reflete as profundas divisões regionais entre a Arábia Saudita, governada por sunitas, e o xiita Irã, aliado do Hezbollah.
A Arábia Saudita cortou relações diplomáticas com o Irã neste ano, após protestos violentos em território iraniano contra o reino pelo fato de os sauditas terem executado o influente clérigo xiita Nimr al-Nimr.
Foram atacadas nos protestos a embaixada saudita em Teerã e outra missão diplomática saudita no Irã.
A Arábia Saudita já tomou medidas punitivas contra o Líbano, entre elas o corte de US$ 4 bilhões em ajuda às forças de segurança libanesas. Também pediu a seus cidadãos que deixem o Líbano, um revés para o setor de turismo do país.
Trata-se de uma retaliação pelo fato de que o Líbano se aliou ao Irã na disputa com os sauditas.