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Líderes se dispõem a ajudar refugiados sem assumir metas

Um dos raros compromissos concretos veio da China, cujo primeiro-ministro anunciou uma contribuição de US$ 100 milhões para a ajuda humanitária aos refugiados


	Refugiados: mais da metade dos refugiados vive em oito países de baixa renda
 (REUTERS/Umit Bektas)

Refugiados: mais da metade dos refugiados vive em oito países de baixa renda (REUTERS/Umit Bektas)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2016 às 20h56.

Os 193 Estados da ONU prometeram nesta segunda-feira (19) tentar melhorar a sorte de milhões de refugiados para responder à maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, mas não estabeleceram objetivos concretos.

Essa declaração de intenções os compromete a "proteger os direitos fundamentais de todos os refugiados e migrantes", aumentar o apoio aos países que os acolhem e promoverem a educação das crianças refugiadas, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, ao inaugurar a primeira cúpula da ONU dedicada às migrações.

Ele pediu aos líderes mundiais para "combaterem a xenofobia crescente" enfrentada pelos migrantes.

Negando que essa cúpula seja a da "autocongratulação e conforto", o alto comissário para os Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein, atacou com virulência os "trapaceiros e sectários" que se recusam a "compartilhar as responsabilidades" e a receber mais refugiados em seus territórios.

Um dos raros compromissos concretos veio da China, cujo primeiro-ministro, Li Keqiang, anunciou uma contribuição de US$ 100 milhões para a ajuda humanitária aos refugiados.

"A China está disposta a assumir suas responsabilidade de acordo com suas capacidades", afirmou Li.

Essa primeira cúpula da ONU dedicada às migrações tem como pano de fundo a guerra na Síria. Em cinco anos, esse conflito já deixou 300.000 mortos e levou quatro milhões de sírios a se refugiarem nos saturados países vizinhos, ou na Europa.

Antes do início do evento, Ban tinha sugerido que os países acolham a cada ano 10% do total dos refugiados em virtude de um "pacto mundial". Ao longo das negociações, porém, esse objetivo desapareceu, e o pacto foi adiado até pelo menos 2018.

"Os governos responderam à crise pela metade", reclamou a diretora-executiva da ONG britânica Oxfam, Winnie Byanyima.

"Não podemos aceitar isso", completou.

"Os países ricos devem fazer mais para acolher, proteger e apoiar os refugiados", insistiu Winnie.

No mundo, existem hoje 65 milhões de pessoas deslocadas, das quais 21 milhões são refugiados que tentam escapar das perseguições, da pobreza, ou dos conflitos armados.

Diante dessa crise sem precedentes, "não sentimos nem um pouco uma vontade política forte", disse à AFP a presidente da Médicos do Mundo, Françoise Sivignon.

Ela lamentou "a ausência de um verdadeiro plano de realocação" dos refugiados e a menção no projeto de declaração final "da retenção das crianças, que para nós não é aceitável".

Para Sivignon, a proteção dos menores não acompanhados, que são "extraordinariamente vulneráveis", "realmente não é priorizada".

A Federação Internacional da Cruz Vermelha lembra que, em dois anos, 7.000 homens, mulheres e crianças morreram no mar Mediterrâneo quando tentavam chegar à Europa.

A representante de Ban na cúpula, Karen Abuzayd, rejeitou essas críticas, apontando que os países se comprometerão, em sua declaração de intenções, a atingir o objetivo estabelecido pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), que pretende realocar 5% do total de refugiados.

Isso supõe 1,1 milhão em 2017, contra os 100.000 de 2015, "ou seja, dez vezes mais", destacou Abuzayd.

Na terça-feira (20), será a vez do presidente americano, Barack Obama, abordar a crise migratória de maneira mais concreta.

O mandatário convidou 40 países doadores que prometerão acolher mais refugiados, dar a eles possibilidades de educação e de emprego e aumentar a ajuda aos principais países receptores, com frequência saturados.

Mais da metade dos refugiados vive em oito países de baixa renda: Líbano, Jordânia, Turquia, Irã, Quênia, Etiópia, Paquistão e Uganda.

Seis dos países mais ricos do planeta - Estados Unidos, China, Japão, Reino Unido, Alemanha e França -, acolhem 1,8 milhão, o que representa apenas 7% do total, segundo a Oxfam.

A União Europeia continua muito dividida no tema, transformado em um cavalo de batalha pela direita populista. Isso torna qualquer iniciativa politicamente arriscada.

O grande encontro anual da ONU, que reúne dirigentes de todo o planeta, é realizado sob fortes medidas de segurança em Nova York. No sábado (17), a cidade foi cenário de um ataque a bomba que deixou 29 feridos.

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