O candidato da aliança opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD), Edmundo González Urrutia, em Caracas, em 18 de junho de 2024 (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 20 de junho de 2024 às 08h30.
O Ministério Público da Venezuela acusou, nesta quarta-feira, 19, de "incitação ao ódio" quatro colaboradores do principal rival do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, Edmundo González Urrutia, que, por sua vez, denunciou a inabilitação política de dez prefeitos que manifestaram apoio à sua candidatura.
O procurador-geral do país, Tarek William Saab, informou na rede social X (antigo Twitter) que Luis López, Juan Iriarte, Jean Carlos Rivas e Ismael González foram "denunciados e privados de liberdade [...] pelos crimes de incitação ao ódio e associação".
Outras duas pessoas, também membros do comando de campanha, foram solicitadas pela Justiça pelos mesmos delitos.
Segundo Saab, durante um ato de campanha em La Guaira no início de junho, os acusados "se dirigiram agressivamente ao Comando da Guarda Nacional Bolivariana [...], onde tentaram ingressar mediante o uso da força com a intenção de causar lesões aos efetivos".
A oposição denunciou que as autoridades não informaram o local de reclusão desses militantes e que eles foram apresentados perante os tribunais sem a presença de seus advogados de confiança.
González Urrutia afirmou pouco depois que dez prefeitos - oito no estado andino de Trujillo e outros dois na insular Nueva Esparta - foram "injustamente inabilitados por apoiarem nossa candidatura".
"A crescente perseguição confirma que a Venezuela decidiu mudar, e vai manifestá-lo com determinação neste 28 de julho. Vamos seguir lutando juntos por um país onde ninguém seja perseguido por pensar diferente", escreveu no X este embaixador, desconhecido até ser nomeado com o apoio da líder María Corina Machado.
A inabilitação é uma velha arma do chavismo no poder para remover adversários do caminho. Machado, favorita nas pesquisas, não pôde ser candidata nas eleições por uma proibição de exercer cargos públicos por 15 anos.
De acordo com a líder opositora, pelo menos 37 dirigentes e líderes políticos próximos à campanha foram detidos neste ano. Ela denuncia "perseguição" e criminalização da atividade eleitoral, enquanto o governo acusa a oposição de conspirar para derrubá-lo.
Há hoje na Venezuela 278 "presos políticos", segundo um balanço da ONG Foro Penal Venezolano.