Emmanuel Macron: presidente da França durante reunião virtual com aliados da Ucrânia em 19 de agosto de 2025. (Christophe SIMON / POOL / AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 10h43.
Líderes da chamada “Coalizão dos Dispostos” — grupo formado por aliados da Ucrânia na Europa — participam nesta terça-feira de uma reunião virtual para fazer um balanço das conversas realizadas no dia anterior com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca. O encontro, articulado às pressas, teve como objetivo sinalizar unidade em torno de Kiev e avançar na discussão sobre garantias de segurança para a Ucrânia.
A participação do primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, foi confirmada por sua assessoria. Também estarão presentes o premier do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente da França, Emmanuel Macron, que irão co-presidir a reunião, segundo informou o Palácio do Eliseu. Alemanha e outras lideranças europeias também integram o grupo. Mais tarde, os chefes de governo dos 27 países-membros da União Europeia se reúnem virtualmente em uma cúpula do Conselho Europeu, marcada para às 13h, no horário de Bruxelas (8h em Brasília).
Os encontros ocorrem um dia após a reunião em Washington ter reunido Zelensky, Trump e líderes europeus em uma rara demonstração de coesão política, embora com poucos resultados públicos concretos sobre um eventual cessar-fogo ou fim da guerra com a Rússia. O presidente ucraniano afirmou nesta manhã que os aliados “já estão trabalhando no conteúdo concreto das garantias de segurança” e que as conversas continuarão nos próximos dias.
"Agradeço a todos os nossos parceiros pela determinação e pelo apoio. A Ucrânia sente essa força", declarou Zelensky.
Apesar do tom otimista, a Rússia lançou novos ataques com centenas de drones e mísseis contra o território ucraniano durante a madrugada, causando feridos e danos à infraestrutura energética, segundo autoridades de Kiev. Ao menos 14 pessoas morreram em bombardeios no dia anterior. Para o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, os ataques reforçam a urgência de pôr fim à guerra.
"Enquanto se trabalhava arduamente pela paz em Washington, Moscou seguia na direção oposta: mais ataques e destruição", afirmou. "Uma futura reunião entre os líderes da Ucrânia, dos EUA e da Rússia pode representar um avanço no caminho da paz."
Durante a reunião na Casa Branca, Trump teria proposto um encontro trilateral com Zelensky e o presidente russo, Vladimir Putin, mas o Kremlin não sinalizou disposição para aceitar a proposta. Ainda assim, segundo Yuri Ushakov, assessor de política externa de Putin, Trump e o líder russo mantiveram uma conversa telefônica “franca e muito construtiva” após o encontro em Washington.
A expectativa, segundo Ushakov, é que negociadores de alto escalão sejam nomeados para iniciar conversas diretas entre Rússia e Ucrânia — sem, no entanto, envolver diretamente Putin neste estágio.
A coalizão liderada por aliados europeus tem discutido também a possibilidade de garantir a segurança da Ucrânia por meio do envio de uma força internacional após um eventual cessar-fogo ou acordo de paz. Segundo o premier britânico, esse contingente pode variar de algumas centenas a dezenas de milhares de soldados, com o objetivo de monitorar o cumprimento de um possível acordo e prevenir novas agressões russas.
Mesmo sem um documento formal, Zelensky anunciou que a Ucrânia pretende comprar US$ 90 bilhões em armas americanas por meio de canais europeus como parte das futuras garantias. Em contrapartida, os Estados Unidos adquiririam drones de fabricação ucraniana.
Enquanto isso, o chefe das Forças Armadas britânicas, Sir Tony Radakin, viajou aos Estados Unidos após Trump sinalizar que os EUA estariam envolvidos diretamente nas garantias de segurança para a Ucrânia. A visita reforça o caráter operacional das conversas iniciadas em Washington e marca o início de uma nova fase de coordenação militar entre aliados ocidentais.