Agência de notícias
Publicado em 18 de agosto de 2025 às 14h13.
Líderes de algumas das principais potências europeias chegaram a Washington nesta segunda-feira para uma reunião convocada na Casa Branca pelo presidente Donald Trump, com a participação do ucraniano Volodymyr Zelensky, para discutir um possível fim do conflito da Ucrânia com a Rússia. O chefe da Otan, Mark Rutte, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, foram os primeiros a aparecer. A eles, juntaram-se o chanceler alemão Frederich Merz; a premier italiana Giorgia Meloni; e os presidentes Emmanuel Macron, da França, e Alexander Stubb, da Finlândia. O ucraniano, que se reuniu com o grupo mais cedo, terá uma reunião bilateral a sós com Trump antes do grupo se juntar às discussões.
A reunião foi organizada rapidamente no fim de semana, enquanto os líderes europeus buscavam apresentar uma frente unida de apoio à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia, depois que Trump, após uma reunião na sexta-feira com o presidente russo Vladimir Putin, realizada no Alasca, alinhou-se à exigência de Moscou de que Kiev cedesse território como parte de um acordo de paz.
De acordo com o cronograma divulgado pela Casa Branca, Zelensky será recebido por Trump às 13h (14h em Brasília) e, 15 minutos depois, os dois darão início a uma reunião privada no Salão Oval. Somente após esse encontro, às 14h15 (15h15 em Brasília), Trump receberá formalmente os demais líderes europeus, e a reunião principal com todos os participantes terá início às 15h (16h em Brasília), no Salão Leste da Casa Branca.
A ordem dos encontros desta segunda-feira causou preocupação em capitais como Paris, Berlim e Bruxelas, onde diplomatas avaliam que Trump pode tentar impor a Zelensky uma linha dura de negociação com Moscou antes mesmo de consultar os parceiros da Otan e da União Europeia. O temor é de que o presidente dos EUA tente obter um "sucesso diplomático" após sua reunião com Putin — encontro considerado desequilibrado por analistas e amplamente favorável ao Kremlin.
Com isso em mente, os líderes europeus realizaram uma "reunião preparatória" com Zelensky antes do encontro do presidente ucraniano com Trump. As lideranças parecem querer evitar a repetição da crise sofrida por Zelensky durante sua visita anterior à Casa Branca, em fevereiro, quando Trump e o vice-presidente dos EUA, JD Vance, o acusaram de ingratidão e desrespeito.
Antes da bilateral com Trump, Zelensky publicou nas redes sociais que o principal objetivo da reunião é uma paz duradoura para a Ucrânia e toda a Europa. "Entendemos que não devemos esperar que Putin abandone voluntariamente a agressão e novas tentativas de conquista", escreveu ele no X. "É por isso que a pressão deve funcionar, e deve ser uma pressão conjunta — dos Estados Unidos e da Europa, e de todos no mundo que respeitam o direito à vida e a ordem internacional."
Às vésperas do encontro, Trump, aumentou a pressão sobre Zelensky ao afirmar que seu homólogo ucraniano poderia encerrar a guerra com a Rússia "quase imediatamente", caso quisesse. Ele respondeu em seguida que deseja encerrar o conflito de forma "rápida e confiável".
Um diplomata europeu sênior, que falou sob condição de anonimato ao New York Times, descreveu uma sensação de pânico entre os aliados europeus às vésperas da reunião em Washington. O diplomata disse que não via uma reunião como a marcada para esta segunda-feira acontecer tão rapidamente desde pouco antes da Guerra do Iraque.
Depois da reunião, os 27 dirigentes da UE terão uma videoconferência na terça-feira para abordar as discussões, anunciou o presidente do Conselho Europeu, António Costa. "A União Europeia continuará trabalhando com os Estados Unidos a favor de uma paz duradoura, que preserve os interesses vitais da Ucrânia e da Europa na questão da segurança", informou no X o dirigente, que preside a instituição que reúne os chefes de Estado e de governo da UE.
Segundo relatos concedidos sob condição de anonimato, Putin exige a retirada das forças ucranianas do Donbass, que compreende as repúblicas de Donetsk e Luhansk. Embora Luhansk esteja quase inteiramente sob controle russo, a Ucrânia ainda detém partes-chave de Donetsk e posições fortemente fortificadas cuja defesa custou dezenas de milhares de vidas.
Em troca, Putin oferece congelar o conflito nas linhas de frente atuais em Kherson e Zaporíjia, onde forças russas ocupam áreas significativas no sul ucraniano, e fornecer uma promessa por escrito de não atacar novamente. Desde a invasão em 2022, o governo russo realizou referendos de anexação em Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporíjia, considerados uma farsa por parte da comunidade internacional.
Vários políticos e figuras públicas ucranianos, entretanto, condenam a ideia de entregar terras não ocupadas à Rússia em troca de paz, argumentando que seu país não foi derrotado e não deveria ser forçado a se render.