Militantes de oposição fazem ato de campanha a pouco mais de um mês da eleição presidencial da Venezuela (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 14 de junho de 2024 às 14h49.
Os países do G7, grupo de sete das maiores economias do mundo, destinaram críticas à decisão da Venezuela de retirar um convite para que observadores da União Europeia (UE) acompanhem a eleição presidencial de julho. A medida, anunciada no final do mês passado, está ligada às sanções impostas pelo bloco a Caracas.
Segundo um trecho do rascunho da declaração final, obtido pela agência AFP, os líderes do G7 declaram estar “profundamente preocupados (...) sobre o respeito aos direitos da oposição dentro do processo eleitoral e a decisão de retirar o convite para uma missão eleitoral da UE”. O grupo, que está reunido na Itália, e além do país anfitrião reúne EUA, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha e Japão, pediu à Venezuela que garanta “eleicões competitivas e inclusivas”, assimcomo “o fim da perseguição a membros da oposição e libertação imediata dos presos políticos”.
Não houve resposta de Caracas até o momento.
No final de maio, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela retirou o convite feito à União Europeia para que o bloco enviasse representantes para a eleição presidencial marcada para o dia 28 de julho. Além da UE, organizações e governos de outros países, incluindo o Brasil, receberam convites para acompanhar a votação — o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as autoridades colombianas não devem mandar representantes, e chavistas e oposicionistas fizeram apelos para que ambos reconsiderem a decisão.
Viabilizadas após os Acordos de Barbados, firmados em outubro do ano passado, as eleições para escolher o presidente da Venezuela deveriam ser, segundo os termos mediados pela Noruega e confirmados por governo e oposição, livres e com condições iguais para todos os que se apresentassem para a disputa. Em troca, países como os EUA e a UE concordaram em retirar algumas das sanções impostas a Caracas.
Contudo, nos meses seguintes o que se viu foram denúncias de perseguição e prisão de oposicionistas, além da inabilitação de alguns dos principais nomes na disputa, incluindo do ex-candidato à Presidência Henrique Capriles e da vencedora das primárias da oposição, no ano passado, María Corina Machado. A candidata escolhida para substituí-la nas cédulas, Corina Yoris, também foi barrada, oficialmente por questões burocráticas, ligadas ao processo de inscrição.
A Venezuela afirma que o processo está correndo de acordo com a legislação local, mas a explicação não convenceu Washington e Bruxelas, que impuseram boa parte das sanções suspensas após o Acordo de Barbados — inclusive, a decisão da UE de manter as medidas restritivas contra 50 autoridades eleitorais venezuelanas motivou a retirada do convite aos observadores do bloco.
Além de Nicolás Maduro, que buscará o terceiro mandato presidencial, o principal nome nas cédulas é o do diplomata Edmundo González Urrutia, designado pela oposição como o candidato que deverá concentrar os votos dos que querem uma mudança no comando do Poder Executivo venezuelano. A votação acontece no modelo de turno único, ou seja, quem chegar em primeiro, menos que abaixo de 50% dos votos, é eleito.