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Líderes de Rússia e Ucrânia visitam Chernobyl para lembrar catástrofe nuclear

Mesmo com desastre que atingiu o maior nível de risco radioativo, o governo de Kiev ainda apóia o uso da energia nuclear

A homenagem ao desastre poderá contar com a presença do líder de Belarus, Aleksandr Lukashenko (Sergei Supinsky/AFP)

A homenagem ao desastre poderá contar com a presença do líder de Belarus, Aleksandr Lukashenko (Sergei Supinsky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2011 às 08h54.

Kiev - O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e seu homólogo da Ucrânia, Viktor Yanukovych, visitam nesta terça-feira a usina nuclear de Chernobyl para prestar homenagem às vítimas do 25º aniversário do maior acidente atômico da história.

"Milhões de pessoas foram expostas à radiação e centenas de milhares tiveram de abandonar suas casas. As consequências desse acidente ainda são sentidas no território da Ucrânia, da Rússia e de outros países", afirmou Medvedev na segunda-feira.

Além dos chefes de Estado da Rússia e da Ucrânia, a homenagem talvez conte também com a presença do líder de Belarus, Aleksandr Lukashenko. Esses três países foram os mais afetados pela radiação emitida pela usina.

O líder ucraniano prometeu que a construção do novo 'sarcófago' sobre o quarto reator de Chernobyl - danificado em 26 de abril de 1986 - terminará em 2015, o que garantirá a segurança ambiental da região durante um século.

A Ucrânia e o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (Berd) conseguiram arrecadar na semana passada 550 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão) para o 'sarcófago' e outros programas de desativação de Chernobyl, 190 milhões de euros (R$ 434 milhões) a menos que o necessário.

Apesar do desastre de 25 anos atrás, o Governo de Kiev defende o uso da energia nuclear. Em declarações à Agência Efe, o primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azarov, afirmou que "renunciar às tecnologias nucleares é como proibir os computadores".

No entanto, segundo uma pesquisa divulgada na semana passada, quase 70% dos ucranianos são contrários à construção de novas centrais atômicas e 39,4% consideram as atuais usinas são perigosas.

Seguindo os atos de homenagem, em cerimônia oficial no Kremlin, o presidente russo condecorou nesta segunda-feira vários 'likvidator' (liquidadores) - centenas de milhares de especialistas, funcionários, militares e estudantes que trabalharam na desativação da usina.

Chernobyl "é a maior catástrofe tecnogênica do século passado", disse Medvedev. Para o líder russo, as sequelas do desastre teriam sido muito maiores se não fossem os 'likvidator', pessoas que, segundo ele, arriscaram a própria vida pelo "heroísmo" e "sacrifício".

Os liquidadores evitaram uma enorme explosão de hidrogênio que teria destruído os outros três reatores. A façanha deles foi ter construído um túnel que permitiu o esvaziamento do tanque de refrigeração que estava sob o reator danificado.

"Sejamos sinceros. O Estado (soviético) não teve no início a coragem suficiente para admitir o impacto do que tinha ocorrido", assinalou Medvedev.

O então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, demorou três semanas para falar publicamente sobre o acidente, em um discurso pela televisão, já que antes "não tinha claro o que tinha acontecido".

Em um primeiro momento, a televisão soviética rebateu os comentários da imprensa ocidental, que informava sobre níveis de radiação 90 vezes superiores aos documentados em Hiroshima 41 anos antes, e mostrou imagens da central em perfeito estado.

O jornal "Izvestia", antigo órgão do Estado soviético, foi o primeiro a divulgar os estragos em um dos reatores de Chernobyl, com uma nota de apenas oito linhas do Conselho de Ministros da União Soviética, estampada no canto da capa da edição.

Em 1º de maio daquele ano, por ocasião do Dia do Trabalho, dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas em Kiev, a 140 quilômetros da usina, para protestar contra o vazio de informações sobre a nuvem radioativa que já sobrevoava toda a região.


Três dias depois, o "Pravda", antigo órgão do Partido Comunista, acusou o Ocidente de propagar "mentiras" para desviar a atenção da comunidade internacional da "política militarista dos imperialistas".

Apesar da tragédia de 1986, a energia nuclear ainda atrai simpatizantes. Em Belarus, embora a catástrofe tenha contaminado 23% do território nacional, o líder Lukashenko aprovou a construção da primeira usina nuclear do país, cujas obras serão realizadas pela Rússia.

Ativistas opositores à ideia haviam convocado para esta terça-feira um protesto contra essa decisão, mas as autoridades desautorizaram o ato.

Fontes independentes indicam que 70% de agentes tóxicos liberados por Chernobyl foram parar em Belarus, por causa do vento e porque o Exército soviético bombardeou as nuvens tóxicas para evitar que a chuva radioativa contaminasse o território russo.

A central ucraniana de Chernobyl espalhou até 200 toneladas de material fusível com uma radioatividade de 50 milhões cúrios, equivalente a 500 bombas atômicas como a de Hiroshima, o que afetou mais de 5 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde.

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