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Líderes da Etiópia e Eritreia se reúnem pela primeira vez em duas décadas

A Eritreia se tornou independente da Etiópia em 1993, mas as disputas levaram os dois países a uma guerra entre 1998 e 2000, que deixou milhares de mortos

Primeiro ministro da Etiópia, Abiy Ahmed: Ele aterrisou na Eritreia depois de 20 anos (Tiksa Negeri/Reuters)

Primeiro ministro da Etiópia, Abiy Ahmed: Ele aterrisou na Eritreia depois de 20 anos (Tiksa Negeri/Reuters)

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EFE

Publicado em 8 de julho de 2018 às 10h04.

Adis - O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, aterrissou neste domingo (8) na capital da Eritreia, Asmara, onde deu um histórico abraço no presidente deste país, Isaias Afewerki, para a primeira reunião entre líderes dos dois países em duas décadas.

"Um momento verdadeiramente histórico com pontos de inflexão: um abraço fraternal entre os líderes (a companhia aérea de bandeira etíope) Ethiopian Airlines aterrissa em Asmara após 20 anos, e os habitantes de Asmara saem todos juntos para dar as boas-vindas à delegação", escreveu no Twitter o ministro eritreu de Informação, Yemane Meskel.

Por sua vez, o embaixador da Eritreia no Quênia, Beyene Russom, publicou uma gravação da televisão estatal eritreia, "EriTV", na qual centenas de pessoas gritam e aplaudem o passagem do veículo no qual Abiy estava.

Nesta mesma amanhã, a "EriTV" amanhecia com uma mensagem sobre a visita do líder do país vizinho. "A paz é o principal fator para o brilhante futuro dos povos da Etiópia e da Eritreia".

Outro emissário eritreu no exterior, o do Japão, Estifanos Afeworki, apontou na sua conta do Twitter que "nenhum líder recebeu boas-vindas tão calorosas em Asmara como a que o povo da Eritreia ofereceu hoje ao primeiro-ministro Abiy".

Os veículos de imprensa etíopes também seguiram de perto este momento histórico, publicando fotos de bandeiras da Etiópia ondeando na capital eritreia, algo que, segundo o portal de notícias Addis Standard, "é a primeira vez que acontece de forma oficial desde a guerra".

O chefe do Escritório do Primeiro-Ministro etíope, Fitsum Arega, garantiu que "agora podemos superar duas décadas de desconfiança e nos movimentar em uma nova direção".

Apesar destas reações, até o momento não foram publicados comunicados por parte dos dois Governos e nem foi divulgada uma agenda da reunião.

Na semana passada, uma delegação eritreia liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Osman Saleh, viajou à Etiópia para iniciar as negociações de normalização de relações diplomáticas.

A Eritreia se independentizou da Etiópia em 1993, mas as disputas fronteiriças levaram os dois países a uma guerra entre 1998 e 2000 que deixou dezenas de milhares de mortos de ambas partes.

Os dois países assinaram um acordo de paz em 12 de dezembro de 2000 em Argel, mas ainda está falta a demarcação definitiva da fronteira comum.

O Acordo de Argel estipula que ambas as partes aceitem a decisão da Comissão de Fronteira da Eritreia e da Etiópia (EEBC, por sua sigla em inglês) como "final e vinculativa".

No entanto, quando esta comissão decidiu conceder à Eritréia a cidade de Badme, epicentro da guerra, a Etiópia se retratou de seu compromisso e o então primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, afirmou que só aceitaria esse sentença "a princípio".

A distensão das relações entre ambos países veio após o compromisso adquirido por Abiy de aceitar e aplicar tal Acordo.

O Acordo de Argel é impopular na Etiópia, onde muitos cidadãos se sentem traídos pelo Governo depois que o país ganhou a guerra com a Eritreia, na qual o próprio Abiy combateu como membro da unidade de radiocomunicação do Exército etíope.

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