Reino Unido: a legenda de extrema-direita suscitou polêmica no ano passado, quando Donald Trump compartilhou nas redes sociais vídeos anti-islamitas divulgados pelo Britain First (Jack Taylor/Getty Images)
EFE
Publicado em 7 de março de 2018 às 18h09.
Londres - O líder do partido de extrema-direita britânico Britain First, Paul Golding, e sua "número dois", Jayda Fransen, foram condenados nesta quarta-feira a penas de 18 semanas e 36 semanas de prisão, respectivamente, por crimes de ódio contra muçulmanos.
Segundo o juiz que ditou a sentença, Justin Barron, da corte de Folkestone, no sudeste da Inglaterra, ambos foram declarados culpados por ter orquestrado uma "campanha para chamar a atenção sobre a raça, a religião e a origem imigrante" de vários muçulmanos que eram julgados por estupro em maio do ano passado em um tribunal da Cantuária.
A legenda de extrema-direita suscitou polêmica em novembro do ano passado, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, compartilhou nas redes sociais vídeos anti-islamitas divulgados pelo Britain First.
A ação de Trump foi criticada pela primeira-ministra britânica, Theresa May, que lamentou o "erro" do presidente americano, e abalou naquele momento as relações entre Londres e Washington.
O juiz Barron condenou hoje Golding e Fransen por sua "demonstrada hostilidade" contra os muçulmanos e sua fé.
"Não tenho nenhuma dúvida de que sua intenção era utilizar os fatos do caso (de estupro) para seus próprios fins políticos", argumentou o magistrado.
Os líderes do Britain First foram detidos em maio, dentro de uma investigação que se iniciou quando ambos distribuíram panfletos durante o processo judicial contra três homens e um adolescente muçulmanos.
Durante as investigações se estabeleceu que Fransen e Golding assediaram pessoas que acreditavam estar relacionadas com o julgamento, gravaram essas cenas e publicaram os vídeos na internet.
Ambos políticos, que negaram as acusações, distribuíram também panfletos nas caixas de correio das casas da região onde viviam os acusados nesse processo judicial.
O magistrado considerou provado que os dois líderes do Britain First estiveram em maio em uma pizzaria na qual Fransen bateu as janelas e gritou "pedófilo" e "estrangeiro" a um dos clientes.
A segunda em comando do partido foi condenada também por visitar dois domicílios onde pensava que viviam os acusados e gritar xingamentos racistas.