Mundo

Líder trabalhista desafiará a política em eleição do Reino Unido

Jeremy Corbyn lançou-se como candidato antiestablishment na eleição antecipada convocada pela primeira-ministra Theresa May para junho

Jeremy Corbyn: "é o establishment versus o povo, e é nossa tarefa histórica fazer com que o povo prevaleça" (Neil Hall/Reuters)

Jeremy Corbyn: "é o establishment versus o povo, e é nossa tarefa histórica fazer com que o povo prevaleça" (Neil Hall/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 20 de abril de 2017 às 12h14.

Londres - O líder da oposição trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, prometeu nesta quinta-feira derrotar um "cartel acomodado" instalado no coração da política britânica, lançando-se como candidato antiestablishment na eleição antecipada convocada pela primeira-ministra Theresa May para junho.

A promessa, que seria cumprida graças a impostos mais altos sobre os ricos e uma repressão a corporações excessivamente poderosas, deu o tom de uma campanha na qual o veterano de esquerda irá tentar contrariar as pesquisas de opinião que o mostram a caminho de uma grande derrota.

Lutando internamente para impor seu controle sobre o dividido Partido Trabalhista e para convencer a nação como um todo, Corbyn procurou explorar a insatisfação dos eleitores com a elite política britânica.

"É o establishment versus o povo, e é nossa tarefa histórica fazer com que o povo prevaleça", disse Corbyn a apoiadores trabalhistas no centro de Londres.

"Não aceitamos que é natural para o Reino Unido ser governado por uma elite dominadora, pela City (o centro financeiro da capital) e pelos sonegadores de impostos".

May, do Partido Conservador, causou surpresa na terça-feira convocando uma eleição para 8 de junho, três anos antes do prazo, na tentativa de capitalizar uma queda dramática no apoio aos trabalhistas e obter um mandato mais robusto que a fortaleça nas conversas complexas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit.

Enquanto May tenta focar o debate no Brexit, Corbyn procura atiçar o intenso clima anti-establishment revelado pelo referendo do ano passado sobre a filiação à UE e que ecoou na retórica de Bernie Sanders e Donald Trump na eleição presidencial norte-americana de 2016.

"Como eles ousam arruinar a economia com sua irresponsabilidade e sua ganância e depois punir aqueles que não tiveram nada a ver com isso?", indagou, referindo-se à crise financeira de 2007-9.

"O povo britânico sabe que é o verdadeiro criador de riqueza, contido por um sistema manipulado pelos extratores de riqueza".

Ele só mencionou de passagem o Brexit, visto por muitos como o maior desafio do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial, dizendo querer se concentrar na vida pós-UE.

"(May) irá tentar minimizar as questões que afetam o cotidiano das pessoas e, ao invés disso, transformar a eleição em uma batalha de egos sobre sua própria liderança falha e as maquinações das negociações iminentes em Bruxelas", afirmou.

Atento à revolta pública crescente com os salários estagnados e os negócios que pagam impostos baixos, Corbyn disse que irá descartar os cortes planejados para os impostos corporativos e reverter os descontos para indivíduos ricos.

"Em vez de a riqueza do país ficar escondida em paraísos fiscais, iremos colocá-la nas mãos das pessoas".

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesPolíticaReino Unido

Mais de Mundo

Trump diz que helicóptero que bateu em avião estava voando 'muito acima' da rota prevista

Egito confirma que reabriu passagem de Rafah para transferir feridos de Gaza

Kremlin nega planos do Brics de criar alternativa ao dólar após declarações de Trump