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Líder supremo das Farc ordena suspensão de cursos militares

A ordem aparece em uma mensagem pelo líder das Farc, em seu Twitter e com cópia para o presidente Juan Manuel Santos


	Líder das Farc, Timochenko: o guerrilheiro, que tem 13,1 milhões de seguidores no Twitter, escolheu a imagem do aperto de mãos com Santos como seu capa
 (Reuters / Stringer)

Líder das Farc, Timochenko: o guerrilheiro, que tem 13,1 milhões de seguidores no Twitter, escolheu a imagem do aperto de mãos com Santos como seu capa (Reuters / Stringer)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 14h23.

O chefe máximo das Farc, conhecido como Timochenko, informou ter ordenado às estruturas da guerrilha colombiana suspender os cursos de instrução militar e substituí-los por uma formação política e cultural, em meio aos avanços do processo de paz para acabar com meio século de conflito.

A ordem aparece em uma mensagem enviada na noite de quarta-feira pelo líder das Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc), principal e mais antigo grupo rebelde do país, em seu Twitter e com cópia para o presidente Juan Manuel Santos.

"@JuanManSantos Ordenei às estruturas da #FARC-EP suspender cursos militares e dedicar-se à formação política e cultural #VamosPorLapaz", escreveu Rodrigo Londoño, conhecido por seus nomes de guerra Timoleón Jiménez ou Timochenko.

Na conta @Timochenko_FARC, que o chefe rebelde não usava desde 4 de novembro de 2012, 15 dias antes de iniciar em Cuba os diálogos de paz com o governo de Santos, Timochenko se apresenta como "continuador do legado de Jacobo Arenas, Manuel Marulanda e Alfonso Cano" e assinala que "na #Paz todos nos encontramos".

No tuíte, Timoleón Jiménez, de 56 anos e na clandestinidade nas "montanhas da Colômbia", inclui uma foto sua tirada na semana passada, em Havana, quando teve um histórico encontro com Santos para anunciar a assinatura de um crucial pacto de justiça e um prazo de seis meses para selar a paz com um acordo definitivo.

Como foto de capa, o guerrilheiro, que tem 13,1 milhões de seguidores no Twitter, escolheu a imagem do aperto de mãos com Santos, um momento importante no processo de paz que transcorre em Cuba.

O tuíte de Timochenko aparece um dia depois que em uma entrevista difundida pela cadeia Telesul, o chefe guerrilheiro disse que as armas não são seu objetivo para resolver os problemas de Colômbia.

"Já não estou dedicando tempo à guerra", afirmou em sua conversa com a ex-senadora colombiana e militante de esquerda Piedad Córdoba, enfatizando querer "a paz para a Colômbia o mais rápido possível".

No entanto, advertiu que selar a paz na Colômbia pode levar mais que os seis meses do prazo que a guerrilha e o governo anunciaram na semana passada.

"Os seis meses podem ser curtos. Podemos fazê-lo antes se houver vontade, mas os seis meses também podem ficar curtos para nós, quer dizer, que não alcancemos o acordo final", afirmou, referindo-se à data limite de 23 de março de 2016.

"São temas que vão poder definir se há uma decisão política real de enfrentá-los, mas que vão consumir muito do nosso tempo se houver entraves", acrescentou.

A sociedade sempre pode encontrar solução aos problemas se a grande maioria se comprometer. "O difícil é se vamos divididos", avaliou Timochenko, indicando a disposição das Farc de discutir qualquer tema.

Líder das Farc desde 2011, Timochenko definiu Santos como "um aliado para a paz" e reafirmou o compromisso de todos os guerrilheiros com as negociações em Cuba. "Dou-lhe a completa certeza de que não há um só guerrilheiro [das Farc], nem comando, nem combatente que tenha apresentado um desacordo", disse.

Herdeiro do legado de Manuel Marulanda, conhecido como Tirofijo, que fundou as Farc em 1964 a partir de um levante camponês, Timochenko pediu que se cries bases para continuar "a luta pela terra, o desenvolvimento do campo, os serviços públicos nas cidades e uma saúde melhor", mas "sem atirar uns nos outros".

O governo de Santos e os rebeldes das Farc buscam em Cuba acabar com um conflito interno que castiga a Colômbia há mais de cinco décadas e no qual se envolveram guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado, deixando pelo menos 220 mil mortos e seis milhões de deslocados, segundo cifras oficiais.

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